Milhares de mineradores e camponeses protestam contra plano ambiental na Colômbia
Milhares de mineradores e camponeses protestavam nesta terça-feira (22) na Colômbia contra um plano do governo para restringir suas atividades ao declarar novas áreas de proteção ambiental, no momento em que o país sedia a COP16 sobre biodiversidade.
Nos departamentos de Antioquia (noroeste), Santander (nordeste) e Boyacá (centro), manifestantes bloqueavam estradas com filas de caminhões parados e troncos de árvores.
O descontentamento foi causado por um decreto do governo esquerdista publicado em janeiro, que delimita novos territórios como reservas naturais, proibindo a exploração mineira ou agrícola.
“Não nos enganem dizendo que isso é pelo meio ambiente. Não venham para a COP dizer que isso é paz com a natureza", criticou na Blu Radio a presidente da Associação de Mineradores de Santander, Ivonne González, referindo-se ao slogan da reunião de cúpula das Nações Unidas, que acontece em Cali até 1º de novembro.
Gustavo Petro, primeiro presidente de esquerda da Colômbia, tem uma agenda ambiental ambiciosa. Na COP15, realizada em 2022, 196 países comprometeram-se a declarar 30% dos seus solos e mares áreas de conservação natural até 2030.
Os camponeses reclamam que não poderão plantar alimentos em áreas ampliadas de ecossistemas de alta montanha em regiões equatoriais fundamentais para armazenar água.
Já os mineradores exigem que o governo honre suas promessas de formalização da atividade para aqueles que não estão ligados a grupos armados.
Ao longo do conflito interno de seis décadas, a exploração ilegal de ouro e o narcotráfico financiaram várias organizações. O decreto “está entregando os territórios à ilegalidade, porque nós, que somos legais, passaríamos a ser ilegais", advertiu Ivonne.
A participação do setor da mineração nas exportações colombianas representou 28,4% em 2023. Antes da COP16, Petro lançou um plano para buscar investimentos e abandonar sua dependência do petróleo e do carvão.
A oposição critica os discursos do presidente contra o “extrativismo” e defende uma transição gradual, sem comprometer os cofres do país.
M.E.Molina--ESF