El Siglo Futuro - Partido de adversária do presidente eleito denuncia fraude no 2º turno na Guatemala

Madrid -
Partido de adversária do presidente eleito denuncia fraude no 2º turno na Guatemala
Partido de adversária do presidente eleito denuncia fraude no 2º turno na Guatemala / foto: © AFP

Partido de adversária do presidente eleito denuncia fraude no 2º turno na Guatemala

O partido da candidata derrotada, Sandra Torres, denunciou nesta sexta-feira (25) uma suposta fraude no segundo turno das eleições, disputado no último domingo, no qual Bernando Arévalo conquistou com folga a Presidência da Guatemala.

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"Depois das análises realizadas, foi possível observar que existem muitas incongruências, contradições e, sobretudo, variação de dados, que evidenciam irregularidades que incidiram nos verdadeiros resultados das votações", declarou, em nota, a Unidade Nacional da Esperança (UNE), partido de Sandra.

"Encontramos controvérsias que, definitivamente, apontam para uma fraude eleitoral. Consideramos que isto alterou o resultado da votação, mudando a vontade do povo, expressa através do voto", disse a jornalistas o advogado da UNE, Carlos Aquino, após apresentar a denúncia.

Arévalo, que prometeu combater a corrupção no Estado, obteve 58% dos votos no segundo turno, contra 37% para Sandra.

Diante das supostas anomalias, Aquino apresentou a denúncia no Ministério Público contra os cinco juízes do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) pelos crimes de não cumprimento de deveres e abuso de autoridade.

- Supostas irregularidades -

Aquino comentou que, devido à “série de irregularidades”, solicitou à Controladoria-Geral de Contas uma auditoria de todos os sistemas de informática do TSE.

O advogado fez alusão ao sistema de Transmissão de Resultados Preliminar (TREP), adquirido pelo TSE, mas o órgão reiterou que este problema é apenas de "caráter informativo" e que os dados publicados no site "não têm efeitos jurídicos".

Entre as irregularidades, ele mencionou a duplicidade de atas - existiria um excedente de 164 cédulas com relação ao eleitorado oficial e 8.879 teriam sido processadas em um prazo menor ao estipulado pelas autoridades.

Diante da suposta fraude e "em respeito à verdadeira vontade do povo da Guatemala" e "até esclarecer a verdade dos fatos registrados em 20 de agosto, os resultados não serão aceitos", afirmou.

Enquanto isso, Gerardo Guerrero, um dos advogados do partido Semente, de Arévalo, qualificou a ação da UNE como um "absurdo político e jurídico", devido à enorme vantagem que o presidente eleito teve nas urnas.

É preciso lembrar à UNE "que a diferença de votos é de 874.189", afirmou.

- Arévalo sofre ameaças de morte -

O anúncio da UNE ocorre um dia depois de a segurança de Arévalo ter sido reforçada devido a versões sobre supostos complôs para assassiná-lo.

O reforço foi anunciado depois que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), com sede em Washington, exigiu na quinta-feira que a Guatemala "adote as medidas necessárias para proteger" Arévalo e a futura vice-presidente, Karin Herrera, por ameaças e "a existência de dois planos para atentar contra" eles.

Em nota, o governo disse que "os supostos planos para atentar contra a vida [de ambos] foram informados em 20 de agosto (...), o que permitiu, de forma imediata, realizar as coordenações necessárias com a Direção Geral da PNC [Polícia Nacional Civil] a fim de fornecer maiores medidas de segurança".

Arévalo, sociólogo e deputado, deve assumir a Presidência em 14 de janeiro próximo no lugar de Alejandro Giammattei, pondo fim a 12 anos de governo da direita.

- Procuradora também entra com ação -

Apesar de a procuradora-geral, Consuelo Porras, ser apontada por vários setores por liderar investigações contra o partido Semente, ela apresentou nesta sexta à Corte de Constitucionalidade, a mais alta do país, uma ação por se sentir injuriada nas redes sociais, onde sua renúncia é pedida.

A ação legal tem como alvo o presidente Giammattei, o ministério do Interior e a Polícia Nacional Civil, ao considerar que a autonomia da Procuradoria é violada, e pede às autoridades que intervenham nas manifestações contra ela.

O processo é considerado uma forma de tentar impor censura e limitar a liberdade de expressão. Porras foi incluída pelos Estados Unidos em uma lista de personalidades corruptas da América Central.

Na quinta-feira, centenas de guatemaltecos protestaram em frente ao prédio do Ministério Público, na capital, para exigir a renúncia de Porras pelas ações legais que mantêm contra o partido do presidente eleito.

M.E. De La Fuente--ESF