Queda de avião deixa 61 mortos no interior de São Paulo
Os 61 ocupantes do avião que caiu nesta sexta-feira (9) em uma área residencial do interior de São Paulo morreram, informaram autoridades, que investigam as causas do acidente.
"Não houve sobreviventes", afirmou à AFP a Prefeitura de Valinhos, que participou da operação para assistência após a queda da aeronave, da companhia Voepass, no município vizinho de Vinhedo.
A companhia, que inicialmente havia informado 62 pessoas a bordo, revisou o número para baixo, dizendo que "57 passageiros e 4 tripulantes" estavam no avião.
A aeronave, da fabricante franco-italiana ATR, seguia de Cascavel, no Paraná, para o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, e caiu sobre o município de Vinhedo às 13h25, provocando pânico entre os moradores.
Imagens divulgadas pela imprensa mostravam um avião de grande porte caindo em alta velocidade, enquanto outras retratavam uma grande coluna de fumaça subindo do local da queda, onde não houve vítimas adicionais, segundo autoridades.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) abriu uma investigação para determinar as causas da tragédia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou um ministro ao local e decretou três dias de luto nacional.
- Perda de contato -
Segundo o o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), subordinado à Força Aérea Brasileira (FAB), o voo ocorreu "dentro da normalidade até as 13h20 locais".
Um minuto depois, a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo e "não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas". "A perda de contato radar ocorreu às 13h22", acrescentou o Decea.
A caixa preta que contém os registros de voo foi recuperada para análise, informaram autoridades do estado.
O município de Vinhedo, de 76 mil habitantes, fica a cerca de 80 km da cidade de São Paulo.
- 'Desespero' -
O caminhoneiro Martins Barbosa, 49, estava trabalhando quando soube do acidente, que ocorreu a 150 metros da sua casa. “Imaginei que poderia ter sido em cima da minha casa, com meu filho dentro. Foi um desespero. Moramos em uma área próxima ao aeroporto, tem muita aeronave que passa aqui sobre as casas, então é possível que aconteça, mas a gente nunca está preparado."
Nathalie Cicari, que mora ao lado do local da queda, descreveu à CNN Brasil que, segundos antes da queda, ouviu "um barulho muito forte": "Foi o tempo de sair do meu almoço e dar uma olhada na varanda. Olhei pro céu e vi aquilo, o avião rodopiando. Na minha cabeça, em questão de segundos percebi que não era um movimento normal de um avião. E foi o tempo de me abaixar, como fazem nos filmes, e rezar. E foi quando ouvi aquele barulhão de queda."
A moradora não ficou ferida, mas teve que abandonar sua casa devido à fumaça.
- Avião destruído -
A Polícia Militar informou que o incêndio causado pelo acidente foi controlado. Seus agentes trabalhavam no local com bombeiros e agentes da Polícia Civil, Força Aérea e Polícia Federal, entre outros.
“Temos a aeronave bastante destruída. Temos o trabalho do Cenipa, que é fundamental neste momento, e tem o trabalho de perícia também da Policia Federal", disse o governador Tarcísio de Freitas, acrescentando que o levantamento de vestígios que permitam fazer a identificação dos corpos já começou e "vai se estender ao longo da noite".
Segundo autoridades, os corpos serão encaminhados à unidade central do Instituto Médico Legal (IML) da cidade de São Paulo.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que a aeronave cumpria todas as normas vigentes e que a tripulação possuía todos os certificados válidos.
O primeiro voo desse avião, fabricado na França, ocorreu em abril de 2010, segundo o site planespotters.net. A ATR informou que seus especialistas "estão totalmente comprometidos em apoiar a investigação em andamento.
Segundo dados do Cenipa, antes do acidente de hoje o país registrava neste ano 108 acidentes aéreos, que deixaram 49 mortos. Na última década, houve 1.665 acidentes, com 746 mortos.
Em 2007, um Airbus A320 da companhia aérea TAM não conseguiu aterrissar no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e colidiu com 187 pessoas a bordo. O acidente deixou 199 mortos, incluindo 12 pessoas que trabalhavam na área da pista.
Dois anos depois, um Airbus A330 da Air France desapareceu no oceano Atlântico ao entrar em uma zona de turbulência após decolar do Rio de Janeiro com destino a Paris, com 228 pessoas a bordo.
P.Avalos--ESF