Condenação de García Luna mostra que ele é um narcotraficante, diz presidente mexicana
A condenação a quase 39 anos de prisão do ex-secretário de Segurança do México, Genaro García Luna, em um tribunal dos Estados Unidos, demonstra que ele era um narcotraficante, disse a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, nesta quinta-feira (17).
O ex-funcionário mexicano, que liderou a luta contra as drogas durante o governo de Felipe Calderón (2006-2012), foi sentenciado na quarta-feira por um tribunal de Nova York, após ser considerado culpado de ligações com o poderoso cartel de Sinaloa, liderado por Joaquín "El Chapo" Guzmán.
"Não há diferença entre este personagem (García Luna) e El Chapo", disse Sheinbaum em sua coletiva de imprensa matinal, parafraseando os argumentos do juiz Brian Cogan, que acusou o condenado de ter uma "vida dupla".
A mandatária de esquerda afirmou que Calderón chegou à Presidência por meio de uma "fraude" e que "para se legitimar, declarou guerra ao narcotráfico e colocou à frente dessa guerra um narcotraficante".
Sheinbaum também chamou o ex-presidente conservador de "hipócrita", já que, após a divulgação da condenação, Calderón se afastou de seu poderoso ex-colaborador, alegando que nunca houve uma "evidência verificável" que o ligasse ao crime organizado.
Ela questionou se Calderón realmente desconhecia essas ligações, afirmando que isso "deve nos levar a uma análise profunda do que foi aquele período, a degradação à qual se chegou".
Sheinbaum afirmou que o Ministério Público abriu diversas investigações contra o também chamado "czar antidrogas", mas lamentou que o Poder Judiciário tenha autorizado, em 2023, o descongelamento de contas milionárias da esposa do ex-secretário.
"Cadê o dinheiro?", questionou a mandatária, ao destacar que essa foi uma das razões que levaram seu antecessor e aliado, Andrés Manuel López Obrador, a promover uma polêmica reforma, já em vigor, para que juízes sejam eleitos por voto popular.
Calderón é considerado pela esquerda mexicana e por organizações de defesa dos direitos humanos como o principal responsável pela escalada de violência ligada ao crime organizado que atinge o México.
O ex-presidente conservador lançou, em dezembro de 2006, uma polêmica operação militar contra as drogas. Desde então, o México acumula mais de 450.000 assassinatos e cerca de 100.000 desaparecimentos, segundo números oficiais.
P.Colon--ESF