Ambientalistas hondurenhos exigem proteção e fechamento de mina
Ambientalistas da região de Honduras onde foi assassinado, em setembro, o ativista Juan López, pediram, nesta quinta-feira (17), proteção e exigiram o fechamento de uma mina a céu aberto.
López, que liderava uma campanha contra esta mina situada em uma área protegida, foi assassinado a tiros em 14 de setembro no município de Tocoa, a 220 km a nordeste de Tegucigalpa, em um ato condenado pela ONU e pelo papa Francisco.
"Exigimos (...) a demolição das obras construídas pela [mina] Pinares/Ekotec na área protegida para proceder à restauração do equilíbrio ecológico", disse o Comitê Municipal de Bens Comuns e Públicos, uma organização ambientalista de Tocoa, em um comunicado.
O Comitê também pediu "a devida proteção por parte do Estado de Honduras" para os ambientalistas.
Cerca de 30 integrantes do Comitê chegaram nesta quinta-feira a Tegucigalpa para assistir à audiência inicial de um julgamento contra os diretores da mineradora, mas a sessão acabou cancelada.
Em 24 de setembro, o Ministério Público (MP) acusou 13 executivos da mina por supostos "crimes ambientais".
A advogada Rita Romero, da organização ambientalista, disse à AFP que as autoridades precisam "derrubar toda a infraestrutura construída” pela mineradora nesta área protegida.
O porta-voz do MP, Yuri Mora, explicou à AFP que o fechamento da mina requer "um processo judicial", mas acrescentou que a produção "está parada".
Segundo o Comitê, a empresa possui maquinário, incluindo uma trituradora de rochas com óxido de ferro que extrai da mina e está instalando uma geradora termelétrica.
A organização também exigiu que o MP "continue a investigação e a persecução" dos assassinos de López, incluindo "os autores intelectuais". Três supostos autores materiais do crime estão detidos desde o início de outubro.
O ativista e conselheiro Leonel George indicou que os líderes das comunidades vizinhas estão amedrontados e precisam de proteção.
"Há ameaças constantes, veículos sem placa e pessoas em motocicletas que têm nos seguido (...), há hostilização", assegurou George à AFP.
O crime de López evocou o caso da reconhecida ambientalista Berta Cáceres, assassinada em 2016, em Honduras, um dos países mais letais para ativistas da causa ambiental, segundo a ONG Global Witness.
V.Duran--ESF