Batalha legal para libertar irmãos Menéndez é adiada para janeiro
A batalha legal para libertar os irmãos Lyle e Erik Menéndez, em prisão perpétua por assassinar seus pais em 1989, foi adiada para janeiro, decidiu um juiz na Califórnia nesta segunda-feira (25) em uma nova audiência do caso que cativa a sociedade americana.
Os Menéndez foram condenados em 1996, depois dos julgamentos extensamente cobertos pela imprensa que lhes deram ampla notoriedade.
Na época, a Promotoria os acusou de matar a sangue frio seu pai, José, um imigrante cubano que se tornou executivo do setor musical, e Mary Louise "Kitty", uma ex-miss, para ficar com uma herança de US$ 14 milhões (R$ 81 milhões na cotação atual).
Mas a defesa retratou os rapazes, que tinham 21 e 18 anos na época do crime, como vítimas de abuso sexual e psicológico nas mãos de um pai extremamente controlador e de uma mãe negligente.
O caso voltou a ganhar notoriedade em parte devido à minissérie da Netflix "Monstros: Irmãos Menéndez: Assassinos dos Pais" e a um documentário.
Lyle e Erik, presos em uma penitenciária no sul de Los Angeles, deveriam comparecer virtualmente a uma audiência nesta segunda-feira, mas a videoconferência teve problemas técnicos. A defesa confirmou que ambos acompanharam a sessão, que durou cerca de 40 minutos, por meio de áudio.
O juiz Michael Jesic adiou para 30 de janeiro uma nova audiência sobre o pedido da defesa para reavaliar a sentença dos irmãos, inicialmente prevista para 11 de dezembro.
Jesic tomou a decisão para garantir que o tribunal e o novo promotor distrital de Los Angeles tenham tempo de revisar as extensas informações sobre o caso.
"Esperamos que, ao final deste processo, consigamos a liberdade dos irmãos", declarou o advogado Mark Geragos ao sair da audiência, cercado por um grupo de jornalistas e câmeras.
Nesta segunda-feira, o tribunal ouviu depoimentos de duas tias dos irmãos, que pediram sua libertação apesar de suas relações estreitas com José e Kitty, os pais das vítimas.
"Nenhuma criança deveria passar pelo que Erik e Lyle passaram", afirmou Joan Vander Molen, irmã de Kitty.
"É inconcebível que uma criança viva cada dia sabendo que naquela noite seu pai pode vir e violentá-la."
"Quero que eles voltem para casa", disse entre lágrimas Terry Baralt, irmã mais velha de José.
"Trinta e cinco anos é muito tempo", acrescentou, referindo-se ao período em que estão presos.
- "Demonstrar apoio" -
A campanha pela libertação dos irmãos, apoiada por figuras como Kim Kardashian, tem em Tammi Menéndez, esposa de Erik, uma voz constante. Na semana passada, Tammi usou as redes sociais para pedir: "Liberem os irmãos antes das festas de fim de ano!"
Com grande expectativa sobre a aparência dos irmãos, agora com 56 e 53 anos, dezenas de pessoas se reuniram na entrada do tribunal, disputando uma das 16 cadeiras disponibilizadas pela corte.
"Trata-se de demonstrar apoio e promover a cura, não apenas para as famílias, mas para nós culturalmente", afirmou Nick Bonanno, ex-colega de ensino médio de Erik, que também esteve presente no primeiro julgamento dos irmãos e ocasionalmente troca correspondências com eles.
A defesa dos Menéndez trabalha em três alternativas para libertá-los.
O advogado deles tenta mudar a acusação de homicídio em primeiro grau para homicídio culposo.
Isso poderia significar a liberdade imediata dos irmãos, que já ultrapassaram a pena máxima para essa acusação na Califórnia, que é de onze anos.
A alternativa é obter uma nova sentença, o que abriria o caminho para que eles buscassem a liberdade condicional.
Geragos também fez um pedido formal de clemência ao governador da Califórnia, Gavin Newsom.
O jornalista Robert Rand, que escreveu um livro sobre o caso e mantém contato frequente com os irmãos, disse que a família "tem esperança".
"Não sabem o que vai acontecer. Acredito que isto poderia levar muito mais tempo do que se imaginou originalmente. Podem ser seis, oito meses, um ano, mas por fim sairão", afirmou.
A febre pelo caso parece estar atingindo um nível semelhante ao da década de 1990, quando o julgamento estava na televisão e na boca de todos, no país e no exterior.
Dezenas de pessoas visitam a área ao redor da mansão de Beverly Hills, onde ocorreu a tragédia que abalou o país.
Christian Hannah, um australiano nascido quase duas décadas após o crime, incluiu a residência em seu passeio devido ao seu fascínio pelo documentário.
"É realmente incrível ver isso pessoalmente. Não sei realmente por que é incrível", disse Hannah. "É só porque você vê na TV e vê pessoalmente, a sensação é impressionante, sabe?".
S.Delgado--ESF