Morte de Rita Lee deixa o país de luto
O governo decretou nesta terça-feira (09) três dias de luto oficial pela morte de Rita Lee, 75, ícone do rock brasileiro e compositora de músicas que se tornaram símbolos feministas.
A artista, diagnosticada com câncer de pulmão em 2021, morreu "em sua residência em São Paulo, no fim da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou", diz um um comunicado publicado em sua conta no Instagram.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou luto oficial de três dias por aquela que considerou "um dos maiores e mais geniais nomes da música brasileira".
O velório de Rita será aberto ao público, nesta quarta-feira (10), no Planetário do Parque Ibirapuera, em São Paulo, informou sua família, que agradeceu "o carinho" dos fãs "em um momento de profunda tristeza". O corpo será cremado, como desejava a cantora.
Nascida em São Paulo em 31 de dezembro de 1947, Rita Lee conquistou o Brasil com o trio de rock psicodélico Os Mutantes, no auge da "Tropicália" — um movimento libertário que revolucionou a música brasileira durante a Ditadura Militar (1964-1985).
A partir de 1972, continuou sua carreira com a banda Tutti Frutti e, posteriormente, seguiu carreira solo.
- Rainha do rock -
Pouco depois do anúncio, as redes sociais foram tomadas de homenagens à artista. "Julgava inapropriado o título de rainha do rock, mas o apelido faz jus à sua trajetória. Rita ajudou a transformar a música brasileira com sua criatividade e ousadia", acrescentou Lula.
O cantor Gilberto Gil, 80 anos, homenageou Rita Lee nas redes sociais com um compilado de fotos e vídeos performando ao seu lado. "Descansa, minha irmã. Amo você. Um abraço fraterno da família Gil", publicou.
Seu colega Caetano Veloso também dedicou algumas palavras à cantora: "O coração de Rita deixou de bater, mas o do mundo não para de bater por ela. Rita está entre os criadores musicais mais brilhantes do Brasil", tuitou.
"Rita, meu amor! Teu sorriso e tua música trouxeram alegria e liberdade a este mundo", afirmou o cantor argentino Fito Páez. "Rita se dedicou a relaxar todas as tensões da sociedade com graça, humor e sua voz encantadora. Vamos sentir muito sua falta, menina linda!"
Personalidades como Chico Buarque, Djavan, Milton Nascimento, Maria Bethânia e Xuxa também expressaram seu carinho.
- Sexo, amor e liberdade -
Pioneira no cenário musical, Rita Lee vestiu figurinos extravagantes e ficou conhecida por suas canções irreverentes, que falavam de sexo, amor, liberdade e se tornaram símbolos feministas.
Com baixa estatura, os cabelos ruivos com franja e os óculos coloridos viraram sua marca registrada.
"Minha mãe, que amo mais que tudo nessa vida, virou uma estrela no céu. Que vida intensa e espetacular você teve. Admirada e amada por tantas pessoas. Tão à frente do seu tempo", escreveu no Instagram João Lee, um de seus três filhos. "Seu legado, sua história e sua arte viverão para sempre", acrescentou.
A ministra da Cultura, a cantora Margareth Menezes, a definiu como "uma mulher revolucionária" e pediu um minuto de silêncio durante uma audiência no Senado Federal nesta terça-feira.
Em 50 anos de carreira, Rita Lee lançou mais de 30 álbuns, foi indicada sete vezes ao Grammy Latino e venceu uma vez em 2001, na categoria de Melhor Álbum de Rock Brasileiro, com o disco "3001".
Entre suas frases mais compartilhadas pelos fãs nas redes sociais nesta terça estava uma "profecia" que incluiu em sua autobiografia de 2016, sobre o dia de sua morte, na qual imaginava com humor o que diria seu epitáfio: "ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa".
M.Echeverria--ESF