Pioneiro da Bossa Nova, João Donato morre aos 88 anos
O músico João Donato, um dos pioneiros da Bossa Nova, morreu nesta segunda-feira (17) aos 88 anos, no Rio de Janeiro, informaram seus familiares nas redes sociais.
"Hoje o céu dos compositores amanheceu mais feliz: João Donato foi para lá tocar suas lindas melodias", disse uma publicação em sua conta oficial no Instagram.
O multifacetado compositor, pianista, acordeonista, arranjador e cantor será velado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em horário a ser divulgado posteriormente, acrescentou o comunicado.
Donato faleceu após uma série de complicações de saúde. Recentemente havia sido hospitalizado com pneumonia e estava intubado desde a semana passada, de acordo com veículos locais.
Nascido em 1934 em Rio Branco, no Acre, se mudou com a família para o Rio de Janeiro ainda criança. Na cidade iniciou sua carreira musical e se tornou um dos pioneiros da Bossa Nova, movimento que revolucionou a música brasileira e lhe deu projeção global.
Ao lado de João Gilberto, falecido em 2019, criou uma das canções precursoras do gênero: "Minha Saudade". Também se destacou ao lado de Astrud Gilberto, esposa de João e considerada a "rainha da Bossa Nova", que faleceu em junho passado.
O arranjador fez parte de vários grupos nos anos 1950, como 'Donato e Seu Conjunto', com o qual gravou seu primeiro disco, "Chá Dançante", produzido por Tom Jobim.
Reconhecido como um artista criativo e versátil, o compositor resistiu a ser classificado em um só gênero.
"Eu não sou bossa nova, eu não sou samba, eu não sou jazz, eu não sou rumba, eu não sou forró. Na verdade eu sou isso tudo ao mesmo tempo", comentou o artista em uma entrevista ao O GLOBO, em 2014.
Personalidades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestaram homenagens nas redes sociais.
"Foi um dos gênios da música brasileira. Perdemos hoje um de nossos maiores e mais criativos compositores (...) Marcou a história da música em nosso país, com composições que correram o mundo", escreveu em sua conta no Twitter.
Donato conquistou o público internacional em turnês e morou por mais de uma década nos Estados Unidos.
Ao retornar ao Brasil, na década de 1970, colaborou com ícones da Bossa Nova e do Tropicalismo, que revolucionavam a Música Popular Brasileira da época, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Menescal ou Gal Costa.
"Não sou rico nem pretendo ficar rico com o que faço. A finalidade do meu trabalho é alegrar os corações, acalmar a raiva dos animais e fazer com que as pessoas pensem melhor", afirmou Donato em outra entrevista ao mesmo veículo.
"Agora sua alegria e seus acordes permanecem eternos em todo o universo", concluiu a mensagem de seus familiares nas redes sociais.
M.L.Blanco--ESF