Cannes aguarda premiação sob impacto de filme iraniano
A 77ª edição do Festival de Cannes anuncia a premiação neste sábado (25), ainda sob o impacto de "The Seed of the Sacred Fig", do cineasta iraniano Mohammad Rasoulof, que sacudiu o evento com um filme sobre as mulheres e a liberdade em seu país.
"The Seed of the Sacred Fig" foi exibido na sexta-feira, após vários dias de dúvida sobre a presença de Rasoulof, que revelou no início do festival que precisou fugir de seu país.
Refugiado na Alemanha, condenado em seu país natal a oito anos de prisão e a receber chibatadas, Rasoulof compareceu ao tapete vermelho e conquistou o público com a dramática história de um juiz, sua esposa e suas filhas, arrastados pelo redemoinho dos protestos que abalaram o Irã após a morte da jovem Mahsa Amini em 2022.
"O regime iraniano tem pânico porque estamos contando nossas histórias. É absurdo", declarou neste sábado em uma entrevista coletiva.
O filme de Rasoulof é apontado como o grande favorito à Palma de Ouro, exceto se o júri, presidido pela americana Greta Gerwig, optar por premiar uma das poucas produções que arrancou sorrisos do público este ano, o musical "Emilia Pérez", rodado no México e dirigido pelo francês Jacques Audiard.
Outro destaque do festival foi "Anora", a história delicada de uma garota que trabalha como stripper e se apaixona pelo homem errado, dirigida pelo cineasta independente Sean Baker, também uma ode ao poder das mulheres.
Em um tom mais satírico, "The Substance" é uma comédia dark feminista com muito sangue, dirigida por uma das quatro mulheres na disputa pela Palma de Ouro, a francesa Coralie Fargeat. A estrela do filme, a americana Demi Moore, é forte candidata ao prêmio de interpretação.
Outra diretora na disputa é a indiana Payal Kapadia, com "All We Imagine as Light", que narra a vida de duas enfermeiras em Mumbai e suas relações com os homens neste país tão tradicional.
O Brasil também está na disputa, com "Motel Destino", do diretor Karim Ainouz, que venceu a mostra 'Un Certain Regard' em 2019 com "A Vida Invisível".
C.Aguilar--ESF