Democratas e republicanos correm contra o relógio em negociações para evitar default dos EUA
Com um possível default dos Estados Unidos cada vez mais próximo, os negociadores do presidente democrata Joe Biden e dos republicanos seguem, nesta terça-feira (23), tentando evitá-lo com um acordo orçamentário.
Os negociadores da Casa Branca e do presidente republicano da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, planejam continuar as negociações após a reunião de segunda entre seus respectivos líderes.
Biden e McCarthy descreveram o encontro como "produtivo" e, embora não tenha gerado um acordo, pelo menos permitiu que eles estabelecessem seus respectivos limites.
Os Estados Unidos correm o risco de, dentro de nove dias, deixarem de honrar suas dívidas, o que seria uma situação inédita e perigosa para a maior potência mundial.
- Pânico -
Se o Congresso não aumentar até lá a capacidade do governo de se endividar, Biden poderia ficar impossibilitado de pagar funcionários, fornecer benefícios sociais e reembolsar credores.
A inadimplência americana teria efeitos na economia mundial. Geraria pânico e recessão que se estenderiam à economia global, segundo analistas.
Para elevar o teto da dívida - atualmente em mais de 31 trilhões de dólares (cerca de R$ 154 trilhões) -, os republicanos exigem que Biden corte gastos.
Os democratas estão dispostos a moderar os gastos, mas não conseguem chegar a um acordo com os republicanos sobre como fazer isso.
A Casa Branca gostaria de taxar mais os mais ricos e as grandes empresas, sem mexer em benefícios sociais ou grandes projetos de investimento do presidente. Em resumo, aumentar as receitas do governo federal.
Já os republicanos preferem cortar os gastos públicos.
- 2024 -
Os dois lados podem se encontrar, segundo a imprensa americana, em algumas partidas orçamentárias específicas, no redirecionamento dos fundos destinados ao combate à covid e no congelamento de certas despesas, cuja duração é objeto de um acirrado debate.
O tempo está se esgotando, especialmente porque não se trata apenas de Biden e McCarthy chegarem a um acordo entre si. Como disse Biden, ambos terão que "vender" o acordo para seus respectivos partidos, para que seja aprovado nas duas câmaras do Congresso.
Os democratas controlam o Senado por uma margem estreita e os republicanos têm maioria na Câmara dos Representantes.
Senadores democratas considerados da ala progressista e legisladores republicanos alinhados com Donald Trump já exigiram firmeza máxima de seus respectivos líderes.
Um default dos Estados Unidos poderia mudar o tom da campanha para as eleições presidenciais do próximo ano.
Biden, que aos 80 anos busca a reeleição, luta para conquistar votos com promessas de prosperidade e justiça social. Uma recessão afundaria ainda mais sua já enfraquecida taxa de aprovação.
Seu antecessor Trump, favorito nas primárias republicanas, pede a seus apoiadores que não se "dobrem" à Casa Branca na questão da dívida.
M.Vargas--ESF