Presidente do Irã diz querer compartilhar 'capacidades' com a Nicarágua
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, assegurou, nesta quarta-feira (14), que, apesar da distância geográfica entre o seu país e a América Latina, quer aprofundar os laços de amizade com a Nicarágua, a fim de compartilhar "capacidades e experiências".
Raisi chegou ao país centro-americano na véspera para discutir com seu contraparte nicaraguense, Daniel Ortega, acordos de cooperação bilaterais em ciência e tecnologia, energia, economia e comércio, cultura e política.
Nesta quarta, último dia de sua visita ao país, ele esteve na Assembleia Nacional.
"Nós temos a disposição de compartilhar nossas capacidades e nossas experiências com o país irmão e amigo da Nicarágua. Nossa visita à América Latina e à Nicarágua demonstra a vontade política do nosso país de consolidar e aprofundar mais as nossas relações de amizade", disse Raisi em um discurso aos deputados, segundo tradução oficial.
"Os povos do Irã e da Nicarágua compartilham uma história comum de luta, de resistência, de revoluções, de luta contra um inimigo comum", destacou.
Raisi criticou os Estados Unidos e outras "potências imperialistas", acusando-as de atacar e desestabilizar governos independentes no mundo por meio de tentativas de golpes de Estado e sanções econômicas.
"Há grande distância geográfica entre Nicarágua e Irã e a região da América Latina, mas nossos corações estão muito próximos e nossos objetivos também são muito próximos", afirmou.
Na segunda-feira, o líder iraniano iniciou na Venezuela sua primeira visita à América Latina e, nesta quarta, viajará a Cuba, última escala de seu giro por países latino-americanos "amigos".
Em Caracas, Raisi e seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, assinaram 25 acordos para reforçar a cooperação entre os dois países sancionados pelos Estados Unidos.
Ao receber o "irmão presidente" iraniano na terça, Ortega ressaltou a contemporaneidade do triunfo da revolução islâmica, em fevereiro de 1979, e da revolução sandinista, em julho do mesmo ano.
"Por isso, sempre dizemos e repetimos que somos revoluções gêmeas, de raízes profundas na defesa da nossa identidade", afirmou o presidente nicaraguense.
Raisi é o segundo presidente iraniano a visitar a Nicarágua desde 2012, quando o ex-presidente Mahmud Ahmadinejad esteve no país, que já tinha sido visitado por ele em 2007.
Em fevereiro, o chefe da diplomacia iraniana, Hossein Amir-Abdollahian, afirmou, em Manágua, que Irã e Nicarágua têm "muitas similaridades" e que os dois países estavam prestes a finalizar mecanismos de conformidade para realizar acordos bilaterais em diversas áreas.
Ortega tem defendido o uso por parte de Teerã da energia nuclear com fins pacíficos, e, durante a visita de Abdollahian, questionou a autoridade moral das potências ocidentais para proibir o direito do Irã de ter armas nucleares.
L.M. Del Campo--ESF