BCE volta a aumentar taxas devido a uma inflação 'muito alta'
O Banco Central Europeu (BCE) voltou a aumentar as taxas de juros nesta quinta-feira (15), pela oitava vez consecutiva, para conter a inflação na zona do euro que, segundo estimativas, continuará "muito alta" nos próximos meses.
A instituição aprovou um aumento de 0,25 ponto percentual, semelhante ao de maio.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, considerou "muito provável" que haja novos aumentos na próxima reunião da instituição em julho, porque ainda há um "caminho a percorrer" para conter a alta de preços na zona do euro, composta por vinte dos 27 países da União Europeia (UE).
O BCE indicou em comunicado que as suas decisões futuras "garantirão" que as suas principais taxas de juros "atinjam níveis suficientemente restritivos para permitir que a inflação volte rapidamente à meta de médio prazo de 2%".
"Permanecerão nesses níveis pelo tempo que for necessário" e a instituição tomará suas decisões com base nos dados e nas projeções econômicas atuais, acrescentou.
Depois de uma década de dinheiro barato, o BCE iniciou um ciclo sem precedentes de ajuste monetário para conter o aumento dos preços ao consumidor após a ofensiva da Rússia na Ucrânia.
Ao aumentar as taxas, os bancos centrais reduzem sua demanda de crédito e, portanto, o investimento e o consumo das famílias e das empresas, tendo como consequência a desaceleração da demanda e a pressão sobre os preços.
Desde julho de 2022, o BCE aumentou suas taxas em 4 pontos percentuais.
- "Desaceleração"-
"A inflação está desacelerando, mas deve permanecer alta por muito tempo", afirmou o banco em comunicado.
O aumento de preços na zona do euro caiu para 6,1% na comparação anual em maio, longe do recorde de 10,6% em outubro, mas também longe da meta de 2% do BCE.
Segundo as novas projeções da instituição, a inflação chegará a 5,4% em 2023, ante 5,3% previstos em março, e cairá para 3,0% em 2024 e 2,2% em 2025.
A entrada da zona do euro em recessão não afetou a determinação da instituição: o Produto Interno Bruto (PIB) dos 20 países que compartilham a moeda única caiu 0,1% entre janeiro e março, após uma queda da mesma magnitude no trimestre anterior.
Ao perceber essa desaceleração, o BCE revisou para baixo suas previsões de crescimento e agora espera um crescimento do PIB de 0,9% este ano, acima do 1,0% previsto anteriormente. A previsão é de uma expansão econômica de 1,5% em 2024 e 1,6% em 2025.
"O Banco Central Europeu continua seu ciclo de aumentos e não anuncia sinais de pausa [nos aumentos de juros] no futuro previsível", disse Carsten Brzeski, do ING Bank.
Segundo Isabel Schnabel, membro do comitê executivo do BCE, os efeitos da política monetária não serão imediatos e serão sentidos sobretudo em 2024, embora ainda haja "uma grande incerteza sobre a força e a velocidade deste processo".
O banco central dos Estados Unidos (Fed) decidiu na quarta-feira deixar suas taxas inalteradas, depois de dez aumentos consecutivos, para se dar tempo de avaliar a situação. Mesmo assim, as autoridades do Fed planejam aumentar as taxas novamente no final de 2023.
A China, por outro lado, cortou sua principal taxa de juros nesta quinta-feira, com o objetivo de impulsionar o crescimento na segunda maior economia do mundo, após a divulgação de dados decepcionantes.
As vendas de varejo do gigante asiático, principal indicador do consumo das famílias, aumentaram 12,7% na comparação anual em maio, ante 18,4% no mês anterior, e o índice de desemprego entre os jovens de 16 a 24 anos subiu para 20,8%, um recorde.
L.M. Del Campo--ESF