El Siglo Futuro - Peso argentino se deprecia após oposição obter maioria dos votos nas primárias

Madrid -
Peso argentino se deprecia após oposição obter maioria dos votos nas primárias
Peso argentino se deprecia após oposição obter maioria dos votos nas primárias / foto: © AFP

Peso argentino se deprecia após oposição obter maioria dos votos nas primárias

O peso argentino perdeu 18,3% do valor nesta segunda-feira (14) no oficial Banco Nación após as eleições primárias de domingo, com voto majoritário da oposição e os sólidos resultados do liberal de extrema direita Javier Milei, que propõe a dolarização da economia.

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A lousa digital do Banco Nación, após a decisão do Banco Central, mostrava um preço do dólar de 365,50 ante um fechamento de 298,5 na sexta-feira, antes das eleições para definir os candidatos para as presidenciais de 22 de outubro.

No paralelo chegou-se a pagar 685 pesos por dólar.

As coalizões contrárias ao governo peronista de Alberto Fernández defendem a desvalorização do peso e obtiveram quase 60% dos votos nas primárias.

O principal índice da Bolsa de Valores de Buenos Aires registrou alta de 3,30% e fechou em 496.114,56 pontos. O Banco Central aumentou a taxa básica de juros em 21 pontos, a 118%.

Milei, o candidato mais votado nas urnas, com 30% dos votos, havia dito durante a campanha que "é viável aplicar a dolarização, apesar de sobrar pesos e faltar dólares na economia".

A candidata mais votada pela coligação liberal de direita 'Juntos por el Cambio', Patricia Bullrich, havia prometido em várias entrevistas que se chegar ao governo, "subirá a taxa de câmbio", restrição que vigora desde o fim do governo liberal de Mauricio Macri (2015-19) e mantido pelo peronista Fernández.

A desvalorização desta segunda-feira é a maior correção cambial em um único dia desde a posse de Macri em dezembro de 2015.

O governo Fernández e o Banco Central vinham aplicando uma política de 'minidesvalorizações' diárias ("crawling peg"), embora a correção mensal acumulada da taxa de câmbio oficial tenha aumentado de 8% para 12% desde julho.

O candidato governista mais votado foi o ministro da Economia, Sergio Massa, da ala liberal de centro-direita do governo, com 21%. Ele venceu assim seu adversário interno, o esquerdista Juan Grabois, que somou 5,9%.

Bullrich venceu as primárias de seu grupo com 17% e seu adversário, o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, foi derrotado com 11%.

- Inflação descontrolada -

A variação dos preços de varejo em julho será divulgada nesta terça-feira e analistas estimam que fique em torno de 6%.

"A Argentina desvalorizou o peso em cerca de 20% em relação ao dólar e aumentou a taxa de juros da política (monetária) para 118%. A economia está cambaleando", disse na segunda-feira o instituto de pesquisa Capital Economics.

O Banco Central disse, em nota, que era conveniente readequar "o nível das taxas de juros dos instrumentos de regulação monetária, em linha com a recalibração do nível da taxa de câmbio oficial".

O objetivo é "ancorar as expectativas cambiárias e minimizar o grau de transferência aos preços, mover-se para retornos reais sobre investimentos em moeda local [considerando a inflação] e favorecer o acúmulo de reservas internacionais", fragilizadas substancialmente este ano.

Em nota, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aplaudiu as medidas e anunciou que reunirá sua diretoria em 23 de agosto "para aprovar os pagamentos acordados".

A economia argentina carrega o peso de uma grande emissão monetária e da enorme dívida pública, situação agravada em 2018, na gestão de Mauricio Macri, quando o FMI lhe concedeu um dos maiores empréstimos da história da instituição, de 57 bilhões de dólares (R$ 220 bilhões na cotação da época).

Ao assumir o cargo no final de 2019, o presidente Alberto Fernández renunciou às parcelas de desembolso pendentes, renegociando-as em 2021 como um acordo de US$ 44 bilhões (R$ 213,4 bilhões).

Porém, o acordo é cumprido a duras penas e obriga o país a fazer pesados desembolsos periódicos, além de cumprir as metas de redução do déficit fiscal em um contexto de 40% de pobreza com parte da população dependente de auxílios estatais.

A.Barbero--ESF