FMI abre caminho para desembolsar quase US$ 800 milhões para Argentina
O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou nesta segunda-feira (13) que chegou a um acordo com a Argentina sobre a oitava revisão do pacote de ajuda que abre caminho para o desembolso de quase US$ 800 milhões (R$ 4,2 bilhões), dias após a segunda greve geral no país.
Em 2022, o FMI e o governo argentino acertaram um programa de crédito no qual Buenos Aires receberá 44 bilhões de dólares (R$ 231,5 bilhões na cotação atual) ao longo de 30 meses em troca de aumentar suas reservas internacionais e reduzir o déficit fiscal, de 3% do PIB em 2021, 2,5% em 2022, 1,9% no ano seguinte e 0,9% em 2024.
A organização financeira está satisfeita com o plano do presidente ultraliberal Javier Milei uma vez que permitiu "avançar mais rápido do que o previsto no restabelecimento da estabilidade macroeconômica e redirecionar firmemente o programa", afirmou em comunicado.
Destaca, sobretudo, "o primeiro superávit fiscal trimestral em 16 anos, a rápida queda da inflação, a mudança de tendência das reservas internacionais e uma forte redução do risco soberano".
Este resultado foi possível através das milhares de demissões e a deterioração dos salários e aposentadorias em um país que atravessa uma forte recessão econômica, com a inflação se aproximando dos 290% em relação ao ano anterior.
O FMI considera que as autoridades argentinas "realizaram esforços significativos para ampliar a assistência social às mães e crianças vulneráveis, bem como proteger o poder aquisitivo das aposentadorias".
Chegou-se a "um entendimento sobre as políticas para continuar fortalecendo o processo de desinflação, reconstituir as reservas internacionais, apoiar a recuperação e manter o programa firmemente encaminhado", afirmou a organização em comunicado.
O acordo está agora sujeito à aprovação do conselho de administração do FMI, que se reunirá nas próximas semanas. Entretanto, não especifica a quantia desembolsada, mas segundo um porta-voz do FMI, corresponde ao valor previsto pelo programa, ou seja, quase US$ 800 milhões.
Os protestos acontecem nas ruas argentinas desde que Milei assumiu o cargo em dezembro com um plano da "motosserra" para cortar gastos.
- "Melhores do que o esperado" -
A organização financeira estima que os resultados são "melhores do que o esperado", mas será "necessário que continuem realizando esforços para melhorar a qualidade e a equidade da consolidação fiscal, aperfeiçoando os marcos da política monetária e cambial, bem como resolvendo o estrangulamento para o crescimento".
Especialistas do FMI e a equipe do ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, concordaram sobre metas para avançar nas reformas.
Mantém-se o objetivo de alcançar o equilíbrio sem financiamento líquido do banco central, reduzindo os subsídios e reforçando o controle de gastos.
É estimado que as reformas atuais "cuidadosamente sequenciadas servirão para apoiar a recuperação econômica" e eliminar os obstáculos à produtividade, ao investimento privado e ao emprego formal.
Elas também garantem que a política monetária "evoluirá" para reduzir a inflação e a taxa cambial "se tornará mais flexível".
Milei quer suspender o quanto puder a chamada armadilha fiscal, um controle das taxas de câmbio desde 2019, que limita o acesso aos dólares em um país com uma inflação historicamente alta na qual a moeda americana funciona como porto seguro para poupança.
Mas para isso, estima precisar de cerca de 15 bilhões de dólares — quase R$ 79 bilhões — (fora os acordados no programa de crédito).
O FMI não menciona que lhe emprestará mais dinheiro.
D.Serrano--ESF