Putin defende intensificação do comércio bilateral no último dia de visita à China
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, compareceu nesta sexta-feira (17) a uma feira comercial na cidade chinesa de Harbin, nordeste do país, no evento que encerra sua visita de dois dias à China, na qual pretende reforçar a relação econômica entre Pequim e Moscou.
Em sua primeira viagem desde a reeleição como presidente em março, Putin se reuniu na quinta-feira com o homólogo Xi Jinping. Os dois definiram sua relação como um fator de "paz e estabilidade" no mundo.
A aliança estratégica entre ambos se tornou mais intensa desde a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, e das sanções ocidentais contra a Rússia, o que transformou Pequim em um apoio econômico crucial para Moscou.
O comércio entre China e Rússia atingiu o nível recorde de 240 bilhões de dólares (1,23 trilhão de dólares) em 2023, mas desacelerou este ano, depois que o governo dos Estados Unidos ameaçou adotar sanções contra os bancos chineses conectados à máquina de guerra de Moscou.
Em uma tentativa de estimular a relação, Putin viajou nesta sexta-feira a Harbin, uma cidade a poucas centenas de quilômetros da Rússia que é, historicamente, um centro de comércio transfronteiriço e de intercâmbio cultural entre as nações.
Ao discursar na cerimônia de abertura da feira comercial Rússia-China, Putin celebrou os vínculos bilaterais no setor de energia e prometeu "reforçá-los".
"A Rússia está preparada e tem a capacidade de alimentar, sem interrupção, a economia chinesa, as empresas, cidades e população, com uma energia acessível e limpa", declarou.
"Em um mundo que está no alvorecer da próxima revolução tecnológica, estamos determinados a aprofundar de maneira constante a cooperação bilateral no âmbito da alta tecnologia e da inovação", acrescentou o presidente russo.
Putin aproveitou a ocasião e falou sobre a guerra na Ucrânia, justificando a ofensiva de Moscou na região de Kharkiv como uma resposta aos ataques de forças de Kiev nas áreas de fronteira russas.
"Quanto ao que está acontecendo na frente de Kharkiv, a culpa é deles (dos ucranianos), porque bombardearam e continuam bombardeando bairros residenciais nas zonas de fronteira (russas), incluindo Belgorod", disse.
- Críticas do Ocidente -
A viagem de Putin coincide com um bom momento para suas tropas russas na Ucrânia. Pouco antes de embarcar para Pequim, o chefe de Estado comemorou e disse que suas forças avançam "em todas as frentes", após o início de uma grande ofensiva terrestre na semana passada.
As boas relações entre Pequim e Moscou são observadas com receio pelo Ocidente, que pressiona a China a reduzir o seu apoio à economia russa.
A China se apresenta como um país neutro no conflito da Ucrânia e nunca criticou a invasão russa, que começou em fevereiro de 2022.
Em um comunicado divulgado à imprensa após a reunião com Putin, Xi afirmou que as partes concordaram com a necessidade de uma "solução política" para a guerra.
Ele também expressou apoio a uma "conferência de paz internacional que seja reconhecida tanto pela Rússia como pela Ucrânia".
Mas não há indícios de que as partes em conflito desejem iniciar negociações de paz. A Ucrânia acredita que isto serviria apenas para a Rússia preparar um novo ataque.
Horas depois do encontro entre os dois líderes, o porta-voz da diplomacia dos Estados Unidos, Vedant Patel, afirmou que a China não pode atuar nos dois lados, com o Ocidente e a Rússia.
"Não pode ter as duas coisas e querer ter relações melhores com a Europa e outros países enquanto, ao mesmo tempo, continua alimentando a maior ameaça à segurança europeia em muito tempo", acrescentou o porta-voz, em referência à invasão russa da Ucrânia.
G.Alamilla--ESF