Fed faz forte corte de juros semanas antes das eleições nos EUA
O Federal Reserve (Fed, banco central americano) baixou, nesta quarta-feira (18), suas taxas de juros de referência pela primeira vez desde 2020 e optou por uma forte redução de meio ponto percentual, para 4,75%-5,00%, a poucas semanas da eleição presidencial nos Estados Unidos.
A decisão reduz o custo do crédito para pessoas e empresas, uma boa notícia para o governo de Joe Biden e para a vice-presidente Kamala Harris, que é candidata à Presidência.
Além disso, o banco central anunciou que planeja fazer um novo corte de meio ponto percentual até o final do ano, segundo um comunicado no qual destacou "maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção à meta de 2%".
A decisão não foi unânime na última reunião antes da eleição de 5 de novembro. A governadora Michelle Bowman votou por um corte menor, de 25 pontos-base.
O Fed revisou para baixo sua previsão de inflação, para 2,3% no fim deste ano e 2,1% em 2025. A meta de 2%, considerada saudável para a economia, seria alcançada em 2026.
Já o prognóstico do desemprego do banco central subiu para 4,4% em 2024 e no próximo ano.
O órgão espera ainda que o PIB da maior economia do mundo cresça 2% em 2024, um pouco menos do que a previsão anterior de 2,1%.
"Nossa economia é, em geral, forte e fez progressos significativos em direção aos nossos objetivos nos últimos dois anos", afirmou Jerome Powell, presidente do Fed, em uma coletiva de imprensa após o comunicado do Comitê Monetário.
Powell acrescentou que é “hora de recalibrar" a política monetária para algo mais apropriado, e que este primeiro corte marca o "início" desse processo.
- Impacto eleitoral -
A decisão do Fed, que é um banco central independente do governo, terá impacto sobre o poder de compra dos americanos, ao baratear o crédito, o que poderia beneficiar a candidatura de Harris.
Powell, no entanto, garantiu que o Federal Reserve considera apenas questões econômicas em suas decisões.
O candidato republicano à Presidência, o ex-presidente Donald Trump (2017-2021), acredita que o Fed pode flexibilizar sua política monetária porque "a economia não está indo bem", conforme disse em um comício em Flint, Michigan. Trump é um forte defensor de taxas de juros baixas.
O corte nos juros está alinhado com as previsões da maior parte dos operadores de futuros, segundo o CME Group.
- Mandato duplo -
Em junho, o Fed esperava reduzir as taxas apenas uma vez em 2024, em um quarto de ponto. Mas desde então o mercado de trabalho perdeu força e ressurgiram os temores de um impacto na economia.
Agora, o órgão está focado em evitar o aumento do desemprego. O banco central tem o mandato duplo de assegurar a estabilidade dos preços e o pleno emprego.
O corte nas taxas reflete "nossa crescente confiança" de que, com a política monetária adequada, "o vigor do mercado de trabalho pode ser mantido em um contexto de crescimento moderado e de inflação em queda constante até 2%", afirmou Powell.
Antes da reunião de terça e quarta-feira, os dados de inflação já indicavam um progressivo retorno à meta anual do Fed.
O índice PCE, que é o mais acompanhado pelo Fed, manteve-se estável em julho, em 2,5% a 12 meses. Os dados de agosto serão divulgados em 27 de setembro.
Por outro lado, o IPC caiu em agosto para seu nível mais baixo desde fevereiro de 2021, também em 2,5% a 12 meses.
A taxa de desemprego baixou para 4,2% em agosto, embora a criação de empregos tenha perdido impulso.
"Os riscos" associados a esses dois mandatos do Fed "estão bastante equilibrados", segundo o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC).
A.Fernández--ESF