BC eleva Selic a 11,25%
O Banco Central (BC) aumentou, nesta quarta-feira (6), a taxa Selic em meio ponto percentual, a 11,25%, em meio a incertezas sobre a inflação.
Após dois dias de reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu de forma unânime elevar a Selic pela segunda vez consecutiva no ciclo de ajuste iniciado em setembro.
"O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta, e dependerão da evolução da dinâmica da inflação", explicou o comitê.
A inflação em setembro subiu para 4,42% em 12 meses, principalmente devido à alta nos preços dos alimentos e da energia, impulsionados pela seca histórica no país. Apesar de se manter dentro da margem de tolerância oficial, a inflação está distante da meta, de 3%.
Para 2024, o mercado prevê uma inflação de 4,59%, segundo o Boletim Focus do Banco Central divulgado nesta semana. O dólar acumula alta de 20% no ano.
O desemprego caiu a 6,4% no trimestre de julho a setembro, uma queda de 0,5 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (abril-junho), quando se situou em 6,9%.
- Política fiscal 'generosa' -
Mauro Rochlin, coordenador acadêmico da Fundação Getúlio Vargas, disse à AFP que, além da inflação, “o superaquecimento” do mercado de trabalho e uma política fiscal “muito generosa” também pressionam a economia brasileira.
O Copom reafirmou hoje que "uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação".
O governo Lula tenta acalmar os temores do mercado sobre sua capacidade de cumprir a meta fiscal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, suspendeu uma viagem à Europa prevista para esta semana e se reuniu com o presidente para acertar os detalhes de um pacote de cortes de gastos. As medidas podem ser anunciadas nesta semana, segundo Haddad.
A Selic iniciou uma queda progressiva até junho de 2024, quando atingiu 10,5%, onde se manteve sem alterações até setembro, quando o BC subiu a taxa em 0,25 ponto percentual. O presidente Lula criticou a decisão, afirmando que taxas elevadas prejudicam o crescimento, ao encarecerem o crédito e desencorajarem os investidores e o consumo.
O comitê voltará a analisar a Selic em uma nova reunião em dezembro.
A.Abarca--ESF