'O diabo está nos detalhes', diz Von der Leyen sobre acordo Mercosul-UE
A União Europeia (UE) e o Mercosul estão na "reta final" para alcançar um acordo de livre comércio, mas "o diabo está nos detalhes", disse neste domingo (17) a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Em uma entrevista à GloboNews, na véspera da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, Von der Leyen reconheceu que o braço executivo da UE enfrenta a "grande tarefa" de convencer todos os seus membros a apoiar o tratado, que é rejeitado pela França.
"O diabo está sempre nos detalhes. A reta final é a mais importante, mas também a mais difícil, muitas vezes", declarou.
"Temos que envolver os 27 chefes de Estado e de governo e os Estados-membros da União Europeia, e, do lado do Mercosul, todos os parceiros também terão que estar prontos para assinar. Isso sempre é uma grande tarefa a ser superada na parte final", acrescentou.
A União Europeia e os quatro membros fundadores do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) negociam há 25 anos um acordo de livre comércio entre os blocos.
Embora as partes tenham alcançado um acordo político em 2019, alguns países da UE têm dificultado novos avanços.
A França "se opõe" a esse acordo comercial, disse o presidente Emmanuel Macron neste domingo, durante uma visita à Argentina, antes de viajar para o Brasil para o G20. Ele afirmou que não acredita que a Comissão Europeia vá concluir as negociações com o Mercosul sem o apoio da França.
Novas manifestações por parte de agricultores franceses que são fortemente contra o acordo são esperadas para segunda-feira.
Agricultores de vários países europeus temem que produtos sul-americanos invadam seu mercado em condições desfavoráveis com um possível tratado de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul.
A Comissão Europeia considera que tem o poder de selar o acordo com o Mercosul e outros tratados. No entanto, "não avançará sem um acordo político" entre os membros do bloco, indicou à AFP um funcionário próximo de Von der Leyen.
O pacto UE-Mercosul criaria um mercado integrado com cerca de 800 milhões de habitantes e pretende eliminar tarifas de importação sobre mais de 90% dos bens da UE exportados para o bloco sul-americano.
E.Campana--ESF