A hora das explicações para Daniel Alves em julgamento por acusação de estupro
O julgamento de Daniel Alves termina nesta quarta-feira (7) com o aguardado depoimento do ex-jogador brasileiro, acusado por supostamente ter estuprado uma jovem em uma boate de Barcelona, e que terá oportunidade de apresentar sua versão ao tribunal.
A terceira - e última - das sessões previstas do julgamento começará às 14H00 GMT (11H00 de Brasília) na Audiência de Barcelona, onde o ex-jogador do Barça e do PSG, de 40 anos, deve chegar mais uma vez no veículo da polícia que o transporta da penitenciária espanhola em que está detido há mais de 12 meses.
Mas, ao contrário dos dois primeiros dias do julgamento, quando ouviu em silêncio as mais de 20 testemunhas convocadas para tentar esclarecer o que aconteceu na madrugada de 31 de dezembro de 2022, agora ele poderá falar.
Acusado de ter estuprado uma jovem no banheiro de uma área reservada da boate Sutton de Barcelona, Alves mudou sua versão diversas vezes desde o início das investigações.
Depois de afirmar em um vídeo que enviou a um canal de televisão que não conhecia a denunciante, o ex-jogador da seleção brasileira admitiu que os dois tiveram relações, mas de maneira consensual, e que mentiu em um primeiro momento para tentar salvar seu casamento.
Nesta quarta-feira também devem comparecer ao tribunal vários peritos que analisaram evidências e, após o depoimento de Alves e das declarações finais, o julgamento deve ser concluído para aguardar uma sentença, o que pode demorar semanas.
- "Desconsolada" -
Para o Ministério Público da Espanha, os atos constituem o crime de "agressão sexual com penetração" e o brasileiro deve ser condenado a nove anos prisão, além do pagamento de uma indenização de 150 mil euros (R$ 800 mil na cotação atual) para a mulher e mais 10 anos de liberdade condicional após o cumprimento da condenação.
Desde o início do processo, o MP atribuiu credibilidade ao relato da acusadora, que prestou depoimento na segunda-feira com uma série de medidas para proteger seu anonimato e separada por um biombo para evitar um "confronto visual" com o réu.
Ambos não se encontravam desde a noite em que, após terem se conhecido na área VIP da boate, o jogador a convidou a seguir para outra área reservada com um pequeno lavabo que ela não conhecia.
No cubículo, de acordo com a acusação do MP, Daniel Alves agrediu a mulher e a forçou a ter relações sexuais, apesar das tentativas da jovem de impedir a violência. Segundo ela, o momento foi uma "situação de angústia e terror".
As duas acompanhantes da jovem naquela noite, uma amiga e uma prima, confirmaram no tribunal o estado de choque da jovem depois de sair do lavabo, assim como as sequelas que ela carrega após os acontecimentos.
Uma amiga da jovem afirmou que Daniel Alves mostrou desde o início uma "atitude babaca" e lembrou como a vítima pediu, "chorando desconsolada", para irem embora após sair do banheiro, dizendo que o jogador havia feito "muito mal" a ela.
- Possível embriaguez -
Durante o julgamento também prestaram depoimentos vários policiais e funcionários da boate que prestaram atendimento à denunciante - atualmente em tratamento psicológico - e que falaram sobre o estado de "choque" em que encontraram a jovem, assim como sobre sua preocupação inicial em denunciar os fatos.
"Ela me disse que não iriam acreditar nela, que ela havia entrado de maneira voluntária, mas que depois quis sair e não conseguia", disse um dos gerentes do local.
Os testemunhos de pessoas ligadas a Alves destacaram que o ex-jogador bebeu muito durante a noite.
Ainda casada com o brasileiro, Joana Sanz explicou que naquela madrugada seu marido voltou para casa "cheirando a álcool", depois de um longo dia com os amigos.
"Quando ele entrou no quarto, esbarrou em vários móveis e caiu na cama", explicou a modelo espanhola.
Assistido por uma tradutora, seu amigo Bruno, o único que acompanhou Alves na boate, alegou que o brasileiro havia bebido muito no dia, o que não o impediu, segundo ele, de manter uma "química respeitosa" com a denunciante.
Daniel Alves, um dos jogadores com mais títulos na história do futebol, defendeu clubes como Sevilla e Juventus de Turim, além de ter integrado o Barcelona histórico de Messi e Guardiola. No momento do incidente, ele estava jogando por empréstimo no Barça.
Após sua detenção em janeiro de 2023, seu clube da época, o Pumas do México, rescindiu seu contrato.
E.Campana--ESF