Aumento do teto da dívida dos EUA 'não é negociável' com republicanos, diz Biden
O aumento do limite de endividamento dos Estados Unidos pelo Congresso "não é negociável", afirmou o presidente americano, Joe Biden, nesta quarta-feira (26), quando os republicanos esperam votar um projeto de lei que vincula esta medida a um corte de gastos públicos.
Ficaria "feliz em me reunir com (o presidente da Câmara de Representantes, Kevin) McCarthy, mas não para falar sobre o aumento ou não do teto da dívida. Isso não é negociável", afirmou o presidente em uma coletiva de imprensa conjunta na Casa Branca com seu contraparte sul-coreano, Yoon Suk Yeol.
Nos Estados Unidos, cabe ao Congresso aumentar periodicamente o teto autorizado de endividamento do país para não deixar a primeira economia do mundo inadimplente.
A Casa Branca pediu aos republicanos para não vincularem o orçamento ao processo de aumento do teto da dívida, que costuma confrontar os dois partidos no Congresso.
Em janeiro, os Estados Unidos alcançaram seu limite de endividamento, de 31,4 trilhões de dólares (cerca de R$ 159 trilhões na cotação da época), levando o Tesouro a adotar medidas.
Os Estados Unidos correm o risco de descumprir suas obrigações de dívida a partir julho se o Legislativo não decidir por aumentar o limite de endividamento federal, destacou, em meados de fevereiro, o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês). Trata-se de uma situação sem precedentes, que poderia sacudir a economia mundial.
Desde a Presidência de Barack Obama, este procedimento, que antes era uma formalidade, costuma virar uma queda de braço política com os republicanos, embora sempre se consiga chegar a um acordo.
Um default provocaria "uma catástrofe econômica e financeira", advertiu a secretária do Tesouro, Janet Yellen.
Por sua solvência, a dívida americana é um refúgio para o setor financeiro mundial.
Desde os anos 1960, o Congresso votou quase 80 vezes este tipo de medida para aumentar a capacidade de endividamento do país.
- Contexto eleitoral -
Além das finanças públicas no curto prazo, as eleições presidenciais de 2024 surgem no horizonte, com Biden já candidato declarado à reeleição.
McCarthy, por sua vez, busca confirmar sua autoridade entre os republicanos com uma ideia que tem consenso em seu partido: forçar o governo Biden a adotar o remédio da austeridade.
Seu plano prevê um corte de 4,5 trilhões de dólares (cerca de R$ 23 trilhões na cotação atual) dos gastos estimados no prazo de dez anos, com exceção dos militares, em troca de um aumento da capacidade de endividamento de 1,5 trilhão de dólares (R$ 7,5 trilhões).
Para alcançar seu objetivo, McCarthy não pode prescindir do voto de mais de quatro representantes republicanos. E para ele, o tempo urge: a Câmara estará em recesso entre o próximo fim de semana e 9 de maio.
R.Salamanca--ESF