Erdogan lidera eleição presidencial na Turquia com quase metade dos votos apurados
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, lidera o segundo turno das eleições neste domingo (28), com mais de 40% dos votos apurados, segundo a agência oficial Anadolu, resultado que confirmaria sua permanência no poder após 20 anos no comando do país.
Erdogan alcançou 57,1% dos votos, contra 42,9% de seu rival, o social-democrata Kemal Kiliçdaroglu, de acordo com esses resultados provisórios.
O presidente chegou como favorito no segundo turno, apesar do desejo de mudança do eleitorado, da inflação galopante e das denúncias das restrições de liberdades em um país onde há dezenas de milhares de opositores presos ou exilados.
No primeiro turno, realizado em 14 de maio, Erdogan, à frente do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, islâmico e conservador), ficou em primeiro lugar com 49,5% dos votos, contra 45% de seu rival, o social-democrata Kemal Kilicdaroglu.
Erdogan, de 69 anos, votou ao meio-dia (horário local) em um bairro de Usküdar, onde uma multidão entusiasmada o esperava.
"Nenhum país do mundo tem uma taxa de participação de 90% e a Turquia quase a atingiu. Peço aos meus concidadãos que votem sem hesitar", disse o líder.
No primeiro turno, a participação foi de 87%.
O candidato da oposição, à frente de uma coalizão de seis partidos, votou em Ancara, capital do país, onde convidou os seus apoiadores a permanecerem próximos das urnas após o encerramento das assembleias de voto para acompanharem a contagem.
"Para trazer verdadeira democracia e liberdade a este país e livrar-nos de um governo autoritário, convido todos os cidadãos a votar", disse Kiliçdaroglu, de 74 anos, que preside o Partido Republicano do Povo (CHP, laico).
- Um milhão de observadores -
As eleições na Turquia, com 85 milhões de habitantes e membro da Otan, são observadas de perto pelas potências ocidentais e pelos países do Oriente Médio devido ao seu papel geopolítico fundamental.
Ambos os candidatos convocaram seus apoiadores para assistir à apuração dos votos.
"Agora é a hora de proteger a vontade de nossa nação acima de nossas cabeças até o último minuto", exortou Erdogan no Twitter, quando as seções eleitorais fecharam.
Kiliçdaroglu lidera uma coalizão de partidos que vai da direita nacionalista à centro-esquerda liberal e foi apoiada pelo partido pró-curdo HDP. Isso lhe rendeu críticas de Erdogan, que qualifica a oposição como "terrorista", devido ao apoio da formação pró-curda.
"Pedimos que todos permaneçam calmos antes da contagem", disse Halis Firet, 56, observador de Kiliçdaroglu, em uma seção eleitoral em Istambul.
No primeiro turno, foram inúmeras as contestações verbais da oposição, que desta vez decidiu colocar cinco observadores em cada urna, em uma mobilização de um milhão de pessoas.
Erdogan personifica para muitos eleitores a promessa de estabilidade.
É "importante preservar o que foi adquirido nos últimos 20 anos na Turquia" sob Erdogan, disse Mehmet Emin Ayaz, empresário de 64 anos, em Ancara.
Por sua vez, Kiliçdaroglu promete restaurar a democracia, a independência do judiciário e da imprensa.
Aysen Gunday, aposentada de 61 anos, considerou as eleições um "referendo" e declarou ter votado em Kiliçdaroglu.
A oposição não conseguiu fazer com que a crise econômica, o colapso da moeda local e o desgaste de duas décadas no poder afetassem o atual presidente, que ficou à frente no primeiro turno.
Mesmo nas áreas mais afetadas pelo terremoto de 6 de fevereiro, os eleitores apoiaram maciçamente Erdogan no primeiro turno, o que multiplicou suas promessas de reconstrução.
M.E. De La Fuente--ESF