Erdogan se encaminha para vitória nas eleições presidenciais na Turquia
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, lidera o segundo turno das eleições neste domingo (28), segundo dados preliminares da agência oficial Anadolu, um resultado histórico que confirmaria sua permanência no poder após 20 anos no comando do país.
Segundo a Anadolu, após a apuração de 80% dos votos, Erdogan, à frente do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, islâmico conservador), alcançou 53% dos votos, ante 47% de seu rival, o social-democrata Kemal Kiliçdaroglu, de 74 anos.
Depois desses primeiros resultados preliminares publicados duas horas após o fechamento das urnas, a tendência pode mudar.
A agência de notícias Anka, próxima da oposição, informou que Kiliçdaroglu obteve 50,02% dos votos, contra 49,98% de Erdogan, com 87% dos votos apurados.
O presidente chegou como favorito no segundo turno, apesar do desejo de mudança do eleitorado, da inflação galopante e das denúncias das restrições de liberdades em um país onde há dezenas de milhares de opositores presos ou exilados.
No primeiro turno, realizado em 14 de maio, Erdogan ficou em primeiro lugar com 49,5% dos votos, contra 45% de seu rival.
Erdogan, de 69 anos, votou ao meio-dia (horário local) em um bairro de Usküdar, onde uma multidão entusiasmada o esperava.
"Nenhum país do mundo tem uma taxa de participação de 90% e a Turquia quase a atingiu. Peço aos meus concidadãos que votem sem hesitar", disse o líder.
O candidato da oposição, que preside o Partido Republicano do Povo (CHP, laico) e reúne uma coalizão de seis partidos, votou em Ancara, capital do país.
"Para trazer verdadeira democracia e liberdade a este país e livrar-nos de um governo autoritário, convido todos os cidadãos a votar", disse Kiliçdaroglu.
- Um milhão de observadores -
As eleições na Turquia, com 85 milhões de habitantes e membro da Otan, são observadas de perto pelas potências ocidentais e pelos países do Oriente Médio devido ao seu papel geopolítico fundamental.
Ambos os candidatos convocaram seus apoiadores para assistir à apuração dos votos.
"Agora é a hora de proteger a vontade de nossa nação acima de nossas cabeças até o último minuto", exortou Erdogan no Twitter, quando as seções eleitorais fecharam.
Kiliçdaroglu lidera uma coalizão de partidos que vai da direita nacionalista à centro-esquerda liberal e foi apoiada pelo partido pró-curdo HDP. Isso lhe rendeu críticas de Erdogan, que qualifica a oposição como "terrorista", devido ao apoio da formação pró-curda.
No primeiro turno, foram inúmeras as contestações verbais da oposição, que desta vez decidiu colocar cinco observadores em cada urna, em uma mobilização de um milhão de pessoas.
Erdogan personifica para muitos eleitores a promessa de estabilidade, apesar da polarização no país.
É "importante preservar o que foi adquirido nos últimos 20 anos na Turquia" sob Erdogan, disse Mehmet Emin Ayaz, empresário de 64 anos, em Ancara.
Por sua vez, Kiliçdaroglu promete restaurar a democracia, a independência do judiciário e da imprensa.
Aysen Gunday, aposentada de 61 anos, considerou as eleições um "referendo" e declarou ter votado em Kiliçdaroglu.
A oposição não conseguiu fazer com que a crise econômica, o colapso da moeda local e o desgaste de duas décadas no poder afetassem o atual presidente, que ficou à frente no primeiro turno.
Mesmo nas áreas mais afetadas pelo terremoto de 6 de fevereiro, os eleitores apoiaram maciçamente Erdogan no primeiro turno, o que multiplicou suas promessas de reconstrução.
A.Navarro--ESF