Moscou é alvo de ataques com drones e Kiev enfrenta novos bombardeios
O presidente Vladimir Putin acusou nesta terça-feira(30) a Ucrânia de querer "aterrorizar" a população russa, após um ataque inédito de drones contra Moscou e região, coincidindo com uma nova onda de bombardeios em Kiev.
"O regime de Kiev escolheu(...) aterrorizar a Rússia e intimidar os russos", afirmou o presidente russo em declarações transmitidas pela televisão estatal.
Vários drones caíram de madrugada sobre edifícios da capital russa, surpreendendo a população, a mais de 500km da Ucrânia.
"Estávamos todos dormindo, eram 4h da manhã(locais). De repente, houve duas explosões e os alarmes dos carros dispararam", afirmou Maxim, de 40 anos, perto da rua Atlassova, onde caiu um drone.
Segundo autoridades, oito drones foram detectados em Moscou e todos foram neutralizados, embora alguns fragmentos tenham caído sobre os edifícios.
O ataque, o mais intenso desde o início do conflito na Ucrânia em fevereiro de 2022, aconteceu após várias séries de bombardeios contra Kiev em poucos dias.
Para Putin, trata-se de uma resposta aos recentes bombardeios russos contra a base dos serviços de inteligência militar ucranianos. Kiev não relatou um ataque a este edifício.
Embora a incursão em Moscou tenha deixado duas pessoas levemente feridas e provocado danos "menores", segundo as autoridades, o impacto psicológico no país foi grande.
O Ministério russo das Relações Exteriores, que qualificou o ataque como "irresponsável", acusou as potências ocidentais por seu apoio a Kiev.
- Bombardeios "maciços" em Kiev -
Correspondentes da AFP observaram um prédio com as janelas quebradas e com o acesso isolado pela polícia.
A ação contra Moscou acontece em um momento de multiplicação dos ataques em território russo. Na semana passada aconteceu uma grande incursão na região de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia.
Kiev, que há várias semanas afirma estar concluindo os preparativos de uma grande contraofensiva para recuperar o território tomado pelas forças russas, não reivindicou nenhum ataque.
Mikhailo Podolyak, conselheiro da Presidência ucraniana, afirmou nesta terça-feira que a Ucrânia não tem nenhum "vínculo direto" com o ataque em Moscou.
Pouco antes do anúncio do ataque com drones em Moscou, a Ucrânia relatou um novo "ataque em larga escala" contra Kiev durante a noite, o terceiro em apenas 24 horas.
A Força Aérea ucraniana anunciou que derrubou 29 de 31 drones explosivos de fabricação iraniana, "quase todos perto da capital e no céu de Kiev".
Uma pessoa morreu e 11 ficaram feridas nos bombardeios, informou o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko.
Vários mísseis russos foram lançados durante a segunda-feira contra Kiev, o que provocou cenas de pânico nas ruas, após uma noite de bombardeios. Muitos moradores procuraram abrigos subterrâneos, em particular as estações de metrô.
No marco de um plano de ajuda para a reconstrução, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou que a Ucrânia atendia aos requisitos para uma nova entrega de 900 milhões de dólares (o equivalente a cerca de 4,5 bilhões de reais na cotação atual).
O conselho de administração do organismo deve agora examinar o texto e autorizar o desbloqueio dos recursos.
- Aumento dos ataques -
"Eu pensava que tudo isso estava longe, que não nos afetava, e de repente acontece do lado da nossa casa", afirmou Tatiana Kalinini, uma aposentada que vive em um bairro da capital, atingido pela queda de um drone.
As imagens publicadas nas redes sociais mostravam vestígios de fumaça no céu. Outras mostravam uma janela destruída em um edifício.
Testemunhas citadas pelas agências de notícias russas afirmaram que um drone "entrou em um apartamento" no 14º andar de um edifício residencial.
Moscou e sua região quase não registraram ataques com drones, mas este tipo de operação foi registrada com mais intensidade nas últimas semanas em outras áreas do território russo.
No início de maio, dois drones foram derrubados sobre o Kremlin, sede do poder russo, em um ataque atribuído à Ucrânia.
Também foram registrados ataques de drones contra bases militares e infraestruturas de energia na Rússia.
A.Barbero--ESF