Opositores são detidos antes de entrevista coletiva em Cuba
Três opositores cubanos foram detidos nesta segunda-feira (5), em Havana, quando se preparavam para conceder uma entrevista coletiva em que lançariam "uma iniciativa contra a violência", relataram à AFP.
"Fui detido. Acabam de me trazer para casa", contou o opositor Manuel Cuesta, pouco antes do horário da entrevista, a primeira organizada presencialmente por membros da dissidência depois de anos. Segundo Cuesta, também foram detidos o opositor "Juan Antonio Madrazo, dono da casa onde seria realizada a entrevista, e a ativista María Mercedes Benítez", que o acompanhava.
Os dissidentes haviam convocado a imprensa internacional para anunciar o lançamento de uma "estratégia global contra a violência em Cuba", apoiada por 19 organizações políticas, de defesa dos direitos humanos e feministas, entre elas o Conselho para a Transição Democrática (CTDC), plataforma opositora que propõe mudanças no país por vias legais, e o Movimento San Isidro, coletivo de artistas criado em 2018.
"À crise de segurança pública que se abate sobre nós, refletida em 32 feminicídios até agora neste ano, em outros tantos assassinatos e nos roubos e assaltos em plena luz do dia, temos que acrescentar a violência institucional normalizada pelo sistema político", destacaram as organizações em comunicado, afirmando que trabalham conjuntamente para alcançar “a anistia e a descriminalização da dissidência, as iniciativas contra a violência de gênero, a recuperação da soberania cidadã, as desigualdades econômicas institucionalizadas e as violações flagrantes da Constituição" na ilha.
Em Cuba, governada pelo Partido Comunista (PCC, único), toda oposição é ilegal. Os dissidentes, acusados de serem pagos pelos Estados Unidos, são impedidos regularmente de sair de casa e suas conexões de internet são cortadas.
S.Lopez--ESF