Governo da Colômbia e ELN adiam assinatura de cessar-fogo por 24h
Foi adiada por 24 horas nesta quinta-feira (8) a cerimônia, na qual seria assinado o acordo de cessar-fogo temporário entre o governo colombiano e os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN), que negociam em Havana — informaram as partes.
"Solicitamos mais um dia ao Presidente da República, Gustavo Petro Urrego, e ao Primeiro Comandante do Exército de Libertação Nacional (ELN), Antonio García, para realizar o ato de encerramento" para "finalizar detalhes" dos textos do acordo, disseram as duas partes, em um breve comunicado divulgado hoje, apenas três horas antes da hora marcada para a assinatura.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou ontem que chegaria nesta quinta-feira a Havana, para assinar um acordo com o ELN que permite avançar "sem retrocesso" rumo à paz, com um possível cessar-fogo.
Petro presidirá o encerramento da terceira rodada de negociações entre o governo e o Exército de Libertação Nacional, iniciada em 2 de maio na capital cubana.
"Amanhã vou a Cuba. Vou assinar um papel que pode significar o início sem retrocesso de uma era de paz neste país", anunciou o presidente em um discurso na quarta-feira diante de milhares de simpatizantes no centro de Bogotá.
Nesta quinta-feira, o alto comissário para a paz Danilo Rueda garantiu que "haverá um cessar-fogo nacional (com o ELN)", segundo declarações citadas em comunicado da Presidência colombiana.
Rueda destacou que existe um "ambiente de absoluta confiança e segurança" entre as partes e que é "a primeira vez que o ELN, nos vários processos de paz, com diferentes governos, acorda um cessar-fogo bilateral de seis meses".
Ele explicou que, nos próximos dias e semanas, serão instalados os "mecanismos de monitoramento e verificação" deste processo.
O ministro da Defesa, Iván Velásquez, disse ontem à imprensa colombiana que conversou com seus colegas de governo "sobre os termos do cessar-fogo".
"Esperamos que possa ser assinado", disse Velásquez. O Exército "fez algumas observações que esperamos que tenham sido aceitas", acrescentou.
No final de 2022, Petro, o primeiro presidente de esquerda da Colômbia e ex-guerrilheiro, promoveu esse processo que começou em novembro na Venezuela e continuou em março no México.
O andamento dessas negociações estava paralisado desde janeiro, quando a guerrilha guevarista rejeitou uma proposta do presidente, anunciada na véspera de Ano Novo.
Os rebeldes argumentaram, à época, que o cessar-fogo não havia sido acordado na mesa de negociações e, desde então, as agressões armadas entre as duas partes não cessaram.
Um ataque no final de março com armas longas e explosivos deixou dez soldados mortos perto da fronteira com a Venezuela e colocou o processo de negociação na corda bamba.
A visita de Petro a Havana ocorre três dias depois de a Promotoria colombiana anunciar a suspensão do mandado de prisão contra Antonio García, principal líder desse grupo guerrilheiro fundado em 1964, inspirado na Revolução Cubana.
As negociações com o ELN começaram em 2018 em Havana, durante o governo de Juan Manuel Santos (2010-2018). O processo foi enterrado por seu sucessor Iván Duque (2018-2022), após o atentado com carro-bomba contra uma escola de polícia que deixou 22 mortos.
E.Campana--ESF