Israel lança grande operação militar na Cisjordânia
O Exército israelense afirmou, nesta quarta-feira (28), que "eliminou nove terroristas armados" em ataques a quatro cidades da Cisjordânia, em uma nova operação simultânea à guerra em Gaza.
A violência aumentou na Cisjordânia durante o conflito de Gaza, desencadeado pelos ataques sem precedentes do grupo islamista Hamas contra Israel em 7 de outubro.
A ofensiva já deixa mais de 40 mil mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas, além de grande destruição e do deslocamento pelo menos uma vez de quase todos os seus 2,4 milhões de habitantes.
Na Cisjordânia, durante a noite, o Exército israelense lançou ataques coordenados às cidades de Jenin, Nablus, Tubas e Tulkarem, que descreveu como uma "operação antiterrorista" com bombardeios e ataques a comboios blindados.
O Crescente Vermelho palestino estimou em dez o número de palestinos mortos durante a noite: dois em Jenin, quatro no bombardeio a um carro em um município próximo e outros quatro em um acampamento de refugiados perto da cidade de Tubas. Também afirmou que havia 15 feridos.
O presidente palestino, Mahmud Abbas, interrompeu uma visita à Arábia Saudita para retornar à Cisjordânia e "acompanhar a evolução da agressão israelense" naquele território, informou a agência oficial palestina Wafa.
- "Com todas as suas forças" -
Embora as operações militares israelenses tenham se tornado uma ocorrência diária na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, é raro que ocorram em várias cidades simultaneamente.
Nas últimas semanas, estas operações concentraram-se principalmente no norte do território, onde os grupos armados que combatem Israel são mais ativos.
"O Exército opera com todas as suas forças desde a noite nos acampamentos de refugiados de Jenin e Tulkarem para desmantelar a infraestrutura terrorista islamista iraniana localizada lá", disse o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, nesta quarta-feira.
Katz acusou na rede social X o Irã de querer "estabelecer uma frente terrorista no leste da Judeia e Samaria", denominação que corresponde ao território da Cisjordânia ocupada, "seguindo o modelo de Gaza e Líbano", de onde o Hezbollah, grande aliado de Teerã, lança foguetes contra Israel quase diariamente desde o início da guerra em Gaza.
O Exército israelense anunciou na segunda-feira que bombardeou o acampamento de refugiados de Nur Shams, em Tulkarem, e a Autoridade Palestina relatou cinco mortes.
Uma delas foi identificada como Jibril Jibril, um palestino libertado de uma prisão israelense em novembro como parte da única trégua em Gaza até agora.
- "Anexar a Cisjordânia" -
A guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque sem precedentes dos comandos do Hamas contra o sul de Israel, também intensificou a violência no outro território palestino.
Mais de 650 palestinos morreram na Cisjordânia por ações do Exército israelense ou de colonos desde 7 de outubro, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais palestinos.
Por outro lado, pelo menos 20 israelenses morreram naquele território, entre eles soldados atacados por palestinos ou participantes em incursões militares, segundo dados oficiais israelenses.
A Jihad Islâmica, um movimento islamista palestino aliado ao Hamas, denunciou uma "guerra aberta por parte do ocupante israelense".
"Com esta agressão, que visa transferir o peso do conflito para a Cisjordânia ocupada, o ocupante quer impor no terreno um novo Estado para anexar a Cisjordânia", afirmou.
O Hamas, cuja popularidade disparou na Cisjordânia desde o início da guerra de Gaza, enquanto a do partido Fatah de Abbas despencou, apelou novamente na noite de terça-feira aos três milhões de palestinos na Cisjordânia que "se levantem" contra Israel.
Os países mediadores entre Israel e o Hamas - Catar, Egito e Estados Unidos - tentam alcançar um cessar-fogo, com a libertação de reféns em troca de palestinos presos em Israel.
Após uma recente rodada de negociações no Cairo, uma delegação israelense chegou a Doha nesta quarta-feira para conversações de "nível técnico" com mediadores, segundo uma fonte próxima.
O ataque do Hamas em 7 de outubro resultou na morte de 1.199 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais israelenses.
Em resposta, Israel prometeu destruir o Hamas e lançou uma vasta ofensiva de retaliação que já deixou 40.534 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do território.
A.Abascal--ESF