Kamala retoma campanha com giro por estados-chave
Após se tornar candidata oficial na Convenção Democrata, Kamala Harris retomou nesta quarta-feira (28) sua campanha eleitoral para percorrer estados-chave, assim como o republicano Donald Trump, a dez semanas das eleições presidenciais nos Estados Unidos.
A vice-presidente democrata fez um percurso de ônibus pela Geórgia (sul), um dos sete estados-pêndulo onde as eleições de 5 de novembro prometem ser especialmente disputadas. Ao lado do seu companheiro de chapa, Tim Walz, ela visitou uma escola e um restaurante.
Kamala acredita que tem chances de vencer no estado, que votava no candidato republicano desde 1996, mas que o presidente Joe Biden conquistou em 2020, por uma margem estreita. Ali, ela concederá amanhã à noite sua primeira grande entrevista como candidata, à rede de TV CNN.
Kamala era pressionada há dias a conceder uma entrevista a um importante veículo de comunicação americano. A entrevista à CNN, que acontecerá semanas antes de um debate com Trump previsto para 10 de setembro, marca o início de uma nova fase.
- Acordo -
O ex-presidente republicano afirmou ontem que houve "um acordo" sobre os detalhes técnicos do debate, dois dias após ter ameaçado não participar do encontro. A equipe de Kamala não comentou essa informação.
A candidata democrata entrou na corrida à Casa Branca depois que o presidente Joe Biden desistiu da reeleição em 21 de julho. Desde então, ganhou certo impulso nas pesquisas e conta com o entusiasmo dos democratas que confirmaram sua indicação com grande ovação na convenção do partido, em Chicago.
Mas a batalha eleitoral é muito dura e ambos os candidatos se concentram nos estados-pêndulo que, diferentemente da maioria, não votam sempre no mesmo partido.
Donald Trump esteve no Michigan na segunda-feira, amanhã irá a Wisconsin e, na sexta-feira, à Pensilvânia.
O republicano de 78 anos não se beneficiou do efeito surpresa da entrada de sua rival na disputa, mas conta com uma base muito estável, sobretudo desde que foi vítima de uma tentativa de assassinato em 13 de julho.
Os diversos procedimentos judiciais contra ele não o prejudicam, e inclusive mobilizam mais "trumpistas" convencidos de que seu candidato é vítima, como repetiu na terça-feira, de uma "caça às bruxas" orquestrada no mais alto nível.
O desafio para ele é ganhar votos além desse eleitorado, ou seja, entre os independentes e os indecisos.
Em 2 de setembro, Dia do Trabalho nos Estados Unidos, Kamala viajará ao Michigan e, depois, à Pensilvânia.
- Pesquisas -
Para os democratas, é uma questão de "transformar o impulso da convenção em ação", resumiu no domingo em um comunicado a presidente da equipe de campanha, Jen O'Malley Dillon, que se gabou de ter arrecadado 540 milhões de dólares (2,96 bilhões de reais) em um mês.
O site FiveThirtyEight, que reúne várias pesquisas, atribui à vice-presidente uma vantagem de 3,5 pontos sobre seu rival, o que não lhe garante a maioria dos votos, em um país onde o presidente não é eleito pelo voto direto.
O bilionário republicano multiplica os ataques pessoais e chama a adversária de "pouco inteligente" e "comunista". Também tenta apresentá-la como a herdeira de um Biden muito impopular.
Por outro lado, a equipe de campanha republicana está envolvida em uma polêmica devido a uma briga com um funcionário do Cemitério Nacional de Arlington durante uma visita de Trump, esta semana.
Segundo a Rádio Pública Nacional, o incidente ocorreu quando o funcionário tentou impedir que seus assessores fotografassem um setor dedicado aos mortos em guerras recentes, onde é proibido filmar e realizar atos políticos.
Já a equipe de campanha de Kamala divulgou parte de um vídeo que ataca o "Projeto 2025", um programa de governo muito conservador elaborado pelos apoiadores do magnata republicano. Trump quer ter um "controle total" sobre o país, afirma o narrador do vídeo.
F.Gomez--ESF