Hong Kong anuncia primeiras condenações por 'sedição' vinculadas a movimento pró-democracia
Um tribunal de Hong Kong declarou nesta quinta-feira (29) dois ex-editores do site de notícias Stand News, atualmente fechado, e sua empresa matriz, que muitas vezes apresentava uma cobertura favorável do movimento pró-democracia de 2019, culpados de "sedição".
"Declaro culpados os três acusados", afirmou o juiz Kwok Wai-kin.
Esta é a primeira condenação por "sedição" em Hong Kong desde que a ex-colônia britânica retornou à soberania chinesa em 1997.
O juiz Kwok Wai-kin declarou dois ex-editores do Stand News, Chung Pui-kuen e Patrick Lam, culpados de "conspiração para publicar e reproduzir conteúdos sediciosos".
A empresa Best Pencil Limited, editora do site de notícias, também foi declarada culpada de sedição.
"A linha adotada (pela Stand News) era apoiar e promover a autonomia local em Hong Kong", escreveu Kwok no seu veredicto.
A empresa "tornou-se, inclusive, uma ferramenta de difamação das autoridades centrais e do governo da região administrativa especial" de Hong Kong, acrescentou.
O Stand News, um popular portal de notícias fundado em 2014 que fez uma ampla cobertura do movimento pró-democracia de 2019, geralmente de forma favorável, fechou em 2021, depois que a polícia fez uma operação em sua redação, prendeu os executivos da empresa e congelou os bens.
Lam, que tinha 34 anos quando foi acusado, não compareceu à audiência por problemas de saúde.
Mais de 100 pessoas formaram uma fila diante do tribunal para ouvir o veredicto.
Lau Yan-hin, ex-funcionário do Stand News, disse que o julgamento é um "ataque generalizado" aos meios de comunicação.
Representantes de vários consulados, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, França, União Europeia e Austrália, compareceram à audiência.
O crime de "sedição", cuja origem remonta ao período colonial, que havia caído em desuso, é cada vez mais utilizado pela Justiça de Hong Kong para reprimir a dissidência.
A ex-colônia britânica caiu em 20 anos da posição 18 para a 135 na classificação mundial da liberdade de imprensa da ONG Repórteres Sem Fronteiras.
F.Gomez--ESF