Zelensky lamenta que Ucrânia ainda não tenha permissão para usar armas de longo alcance na Rússia
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou que ainda não recebeu "permissão" dos Estados Unidos e do Reino Unido para usar mísseis de longo alcance em solo russo, uma questão sensível para os aliados ocidentais que temem a reação de Moscou.
"Nem os Estados Unidos nem o Reino Unido nos deram permissão para usar estas armas no território da Rússia, contra qualquer alvo e a qualquer distância", e Kiev, portanto, não o fez, disse ele à imprensa na noite de sexta-feira, incluindo a AFP.
"Acho que têm medo de uma escalada", acrescentou, em declarações que foram embargadas até à manhã deste sábado.
A Ucrânia exige que seus aliados permitam usar armas de longo alcance para atacar alvos militares em território russo. Porém, alguns, especialmente o presidente dos EUA, Joe Biden, temem a reação da Rússia.
O presidente russo, Vladimir Putin, advertiu que uma decisão nesse sentido equivaleria "aos países da Otan [estarem] em guerra contra a Rússia".
Zelensky afirmou que é necessária uma decisão rápida, enquanto a Rússia "transfere" seus aviões para bases mais distantes.
A utilização de mísseis de longo alcance faz parte de um plano para acabar com a guerra, que começou com a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.
Zelensky apresentará este plano ao seu homólogo Joe Biden durante uma visita aos Estados Unidos na próxima semana.
O presidente americano "ainda pode fortalecer a Ucrânia e tomar decisões importantes" antes do final da sua presidência, garantiu Zelensky.
- Encontro com Trump -
Este plano também será apresentado a Kamala Harris, vice-presidente e candidata democrata, e a Donald Trump, ex-presidente e candidato republicano.
Depois disso, será "aberto a todos", declarou Zelensky, sugerindo que será tornado público.
O presidente ucraniano afirmou que aproveitaria sua viagem aos Estados Unidos para "falar ao Congresso americano" porque precisa do seu "apoio".
A Ucrânia é altamente dependente da ajuda ocidental, especialmente dos Estados Unidos.
As eleições presidenciais dos EUA, em 5 de novembro, suscitam sérias preocupações, uma vez que qualquer mudança política poderá ter consequências significativas.
Zelensky indicou que provavelmente se reuniria em 26 ou 27 de setembro com Donald Trump, que criticou fortemente a ajuda de bilhões de dólares de seu país à Ucrânia.
Esta ajuda "acelerou" no início de setembro, comemorou Zelensky, cujo Exército, com menos soldados e armas, tem dificuldade em conter o avanço das tropas russas no leste do país. Porém, considerou que a entrega da ajuda deveria ser mais rápida.
Atrasos neste apoio ocidental, devido a divisões políticas, deixaram o Exército ucraniano com falta de munições e armas no início do ano.
- Não é "concreto" -
Zelensky também criticou uma iniciativa de paz para proposta há alguns meses pela China e pelo Brasil.
"Não acredito que seja um plano concreto, pois não vejo ações ou etapas específicas", mas apenas uma certa generalização, disse.
"Uma generalização sempre esconde alguma coisa", acrescentou.
A China e o Brasil declararam em maio que "apoiam uma conferência internacional de paz" com "uma discussão justa de todos os planos de paz".
A colaboração estratégica entre a China e a Rússia foi reforçada desde o início da guerra.
Zelensky também afirmou na sexta-feira que se opõe à possibilidade de fazer uma "pausa" no conflito, porque o que é necessário é uma paz "estável".
T.Álvarez--ESF