Milhares marcham a favor do governo da Bolívia após ultimato de Evo Morales
Uma grande marcha liderada por indígenas apoiou, nesta quarta-feira (25), o governo de Luis Arce, em resposta ao ultimato recebido do ex-presidente Evo Morales, que pediu mudanças no gabinete se Arce quisesse "continuar governando".
Antes aliados próximos, Morales e Arce disputam a liderança do partido no poder e a indicação presidencial para as eleições de 2025, em meio a uma crise econômica decorrente da escassez de dólares e combustíveis.
Após a marcha multitudinária de sete dias liderada por Morales contra seu ex-ministro, milhares de manifestantes de diversas organizações aliadas a Arce desceram da cidade de El Alto até a sede presidencial, no centro de La Paz.
Lá, entregaram ao governo um manifesto de repúdio a Morales, o primeiro indígena a governar a Bolívia, entre 2006 e 2019, com Arce como ministro da Economia.
"Exigimos a aplicação da lei (...) e que se tomem providências para a detenção do chefe Evo Morales Ayma e de toda a sua rede que encabeça marchas, bloqueios e provoca angústia e medo", afirmaram.
Segundo os líderes da mobilização, Morales tenta derrubar Arce para se candidatar em eleições antecipadas, apesar de estar inabilitado pela justiça.
"Manifestamos nosso repúdio a esse golpe de Estado contra nosso governo", disse a jornalistas Marcelo Mayta, à frente do sindicato Central Operária Regional da cidade de El Alto.
Morales liderou uma marcha de sete dias do altiplano até La Paz, onde na segunda-feira fez um discurso contundente contra o governo que apoiou no passado.
No percurso de cerca de 190 quilômetros, manifestantes dos dois lados se enfrentaram com paus, pedras e explosivos. As autoridades reportaram 36 feridos.
"Se Lucho quer continuar governando, primeiro, em 24 horas, que mude os ministros traficantes, os ministros corruptos, os ministros drogados, que mude os ministros racistas", advertiu o líder indígena diante de milhares de seguidores.
Cumprido o prazo, Morales anunciou que analisará com suas bases os próximos passos em seu enfrentamento ao governo, que culpa pela crise econômica e por se aliar a juízes e ao poder eleitoral para impedi-lo de voltar a se candidatar.
M.Echeverria--ESF