Israel executa operações militares 'limitadas' contra Hezbollah no Líbano, diz Washington
Os Estados Unidos anunciaram, nesta segunda-feira (30), que Israel está realizando operações terrestres “limitadas” contra o Hezbollah no vizinho Líbano, enquanto o Exército israelense declarou três cidades na fronteira norte como “zonas militares fechadas”.
Já o Exército libanês reposicionou suas tropas no sul do país, na divisa com Israel, disse um oficial militar à AFP.
Apesar do golpe devastador desferido contra o Hezbollah com o assassinato do seu líder, Hassan Nasrallah, na sexta-feira, em um bombardeio nos subúrbios de Beirute, os líderes israelenses alertaram que a batalha contra o movimento pró-Irã, arqui-inimigo de Israel, ainda não acabou.
Israel está "atualmente" realizando operações terrestres "limitadas" contra o Hezbollah no sul do Líbano, disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller.
“Fomos informados de que estão atualmente realizando o que dizem ser operações limitadas contra a infraestrutura do Hezbollah perto da fronteira”, disse ele, se referindo às conversas entre Israel e Estados Unidos.
O Exército israelense anunciou que estabeleceu uma “zona militar fechada” em torno dos municípios de Metula, Misgav Am e Kfar Giladi e proibiu a entrada na região.
O exército israelense também ordenou a retirada dos moradores de três bairros do subúrbio sul de Beirute.
Do lado libanês, a agência oficial de notícias ANI e uma emissora afiliada ao Hezbollah reportaram "tiros de artilharia" israelenses perto dos povoados fronteiriços de Wazzani e Khiam, que ficam em frente à cidade israelense de Metula.
- "Todas as nossas capacidades" -
Anteriormente, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou que a morte de Nasrallah foi “um passo importante”, mas não é o “fim”.
“Para garantir o regresso das comunidades no norte de Israel, usaremos todas as nossas capacidades”, declarou Gallant durante uma visita aos soldados destacados na fronteira israelense-libanesa.
Por sua vez, o número dois do movimento islamista libanês, Naim Qassem, assegurou que “estaremos prontos se os israelenses decidirem entrar no nosso território, as nossas forças de resistência estão prontas para um confronto terrestre” e também prometeu continuar a lutar “em apoio de Gaza”, onde Israel promove uma ofensiva há quase um ano, em resposta ao ataque letal do Hamas em 7 de outubro de 2023.
Além disso, Qassem afirmou que o grupo escolherá o sucessor de Nasrallah “o mais rápido possível”.
Israel prometeu combater os seus “inimigos” e “eliminá-los” onde quer que estejam. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alertou nesta segunda-feira que “não há lugar no Médio Oriente que Israel não possa alcançar”.
- Pedidos para se evitar uma invasão terrestre -
Em Washington, o presidente Joe Biden sinalizou que se opõe às operações terrestres israelenses no Líbano e apelou a um cessar-fogo “agora”.
Presente em Beirute, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, também pediu a Israel para "se abster de qualquer incursão terrestre" no Líbano e por um "cessar-fogo". Ele também solicitou ao Hezbollah que pare de atirar contra o norte de Israel.
Qualquer nova intervenção militar israelense no Líbano “deve ser evitada”, disse o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.
O Hezbollah abriu uma frente na fronteira com Israel há quase um ano, após o início da guerra na Faixa de Gaza, em apoio ao seu aliado Hamas, movimento islamista que governa o território palestino.
Desde meados de setembro, Israel transferiu a maior parte de suas operações militares para o norte, com o objetivo de interromper o lançamento de foguetes do Hezbollah e permitir que milhares de moradores da região que tiveram que fugir devido aos disparos pudessem retornar para seus lares.
- Primeiro bombardeio contra Beirute -
Por sua vez, o Irã, aliado do Hezbollah e do Hamas, descartou a possibilidade de enviar combatentes ao Líbano e à Faixa de Gaza para enfrentar Israel, seu arqui-inimigo.
“Não é necessário enviar forças auxiliares ou voluntárias” do Irã, declarou o porta-voz diplomático Naser Kanani, acrescentando que o Líbano e os combatentes nos territórios palestinos “têm a capacidade e o poder necessários para enfrentar a agressão do regime sionista”.
Nesta segunda-feira, pelo menos 25 pessoas foram mortas em bombardeios israelenses no Líbano, incluindo três membros de um grupo palestino, o líder do Hamas no Líbano e um soldado libanês, segundo várias fontes. Enquanto isso, o Hezbollah disparou foguetes em direção ao norte de Israel.
Desde a onda de explosões de pagers e walkie-talkies do Hezbollah no Líbano, ocorrida em meados de setembro e atribuída a Israel, e a intensificação dos bombardeios israelenses que se seguiram, mais de 1.000 pessoas foram mortas no Líbano, segundo o Ministério da Saúde libanês.
Segundo a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), três dos seus membros foram mortos nesse ataque. Israel afirma ter matado dois comandantes deste grupo, considerado “terrorista” tanto pelos israelenses como pela UE.
Na Faixa de Gaza, bombardeada incessantemente durante quase um ano, o número de ataques aéreos israelenses diminuiu consideravelmente nos últimos dias.
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V.Morales--ESF