Milhares vão às ruas de várias cidades em apoio a Gaza, um ano após o 7/10
Milhares de manifestantes foram às ruas, neste sábado (5), em Londres, Paris, Madri, Caracas e Cidade do Cabo para pedir um cessar-fogo em Gaza e no Líbano, a dois dias de a guerra entre Israel e Hamas completar um ano.
Simpatizantes pró-palestinos se manifestaram nessas cidades de Europa, África e América do Sul para exigir o fim da guerra, que já deixou quase 42 mil mortos em Gaza, no início de uma série de protestos organizados.
Dezenas de atos de protesto e homenagem foram convocados em todo o mundo por ocasião do primeiro aniversário do ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.205 mortos, principalmente civis, e 251 reféns, 97 dos quais ainda estão em cativeiro.
Em Londres, os manifestantes, vindos de todo a Inglaterra, com cartazes e bandeiras palestinas e libanesas, percorreram o centro da capital britânica entoando palavras de ordem como "Cessar-fogo agora!", "Do rio até o mar, a Palestina será livre!" e "Tirem as mãos do Líbano!".
Israel lançou uma operação terrestre no Líbano e promete responder ao último ataque com mísseis lançados pelo Irã, o que gera o temor de que o conflito se transforme em uma guerra mais ampla.
Uma amostra da polarização internacional suscitada pelos acontecimentos no Oriente Médio são as manifestações programadas nestes dias em apoio tanto a Israel como aos palestinos em todo o mundo, às vezes com eventos opostos na mesma cidade.
- 'Quantos mais devem morrer?' -
O protesto na capital britânica foi liderado, entre outros, pelo ex-dirigente do Partido Trabalhista Jeremy Corbyn (hoje independente) e o ex-primeiro-ministro escocês Humza Yousaf.
"Precisamos de um cessar-fogo, um cessar-fogo agora. Quantos palestinos ou libaneses inocentes mais devem morrer?", perguntou Sophia Thomson, de 27 anos, que compareceu à marcha com seus amigos.
"O fato de que somos muitos mostra que o governo não fala em nome do povo", acrescentou.
Muitos manifestantes portavam cartazes com a frase: "Starmer tem sangue nas mãos", em referência ao atual premiê britânico, o trabalhista Keir Starmer.
O primeiro-ministro pediu um cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas, além de suspender algumas licenças de armas a Israel.
Contudo, muitos na manifestação disseram que isso não é o bastante. "Não é bom o suficiente, não é o bastante", comentou Zackerea Bakir, de 28 anos.
Em Roma, uma marcha com milhares de pessoas acabou derivando em confrontos entre manifestantes pró-palestinos e a polícia, com lançamento de garrafas, fogos, gás lacrimogênio e jatos d'água, constataram repórteres da AFP.
"Queremos que Gaza seja livre!", "A revolução começou em 7 de outubro!", "A Itália deve deixar de vender e enviar armas a Israel, devemos interromper imediatamente o genocídio em Gaza!" e "Israel, um estado criminoso!", gritaram os manifestantes.
Em Berlim, a polícia disse que deteve 26 pessoas que fizeram insultos a uma marcha a favor de Israel.
- 'A humanidade morreu em Gaza' -
Na capital venezuelana, Caracas, centenas de simpatizantes do governo de Nicolás Maduro e membros da comunidade árabe na Venezuela protestaram em frente à sede da ONU.
Com uma bandeira de 25 metros da Palestina e aos gritos de "Viva a Palestina livre!" e "Irã, Irã, atinja Tel Aviv", os chavistas entregaram um documento à organização multilateral para pedir o fim do "genocídio" do povo palestino.
"Israel é sangue e destruição", diziam alguns cartazes.
"Somente com resoluções isto não vai acabar. Onde estão os capacetes azuis? Onde estão as forças de paz?", disse à AFP o professor universitário Jesús Reyes, de 53 anos.
Em Paris, centenas de pessoas marcharam para demonstrar "solidariedade a palestinos e libaneses", enquanto em Dublin, na Irlanda, outras centenas manifestaram apoio aos moradores de Gaza com gritos de "liberdade e justiça para os palestinos".
Na cidade suíça da Basileia, milhares pediram também sanções econômicas contra Israel e o fim da cooperação da Suíça com esse país em nível científico.
Na África do Sul, no centro da Cidade do Cabo, centenas de pessoas se manifestaram tremulando bandeiras palestinas e entoando palavras de ordem como "Israel é um Estado racista".
Os manifestantes, muitos usando lenço de estilo beduíno (keffiyeh), símbolo da lucha palestina contra Israel, marcharam até o Parlamento sul-africano.
Muitos deles se mostraram favoráveis à denúncia da África do Sul perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ). Pretória alega que a ofensiva israelense em Gaza viola a convenção da ONU contra o genocídio de 1948.
C.M.Diaz--ESF