UE e países do Golfo pedem que se evite escalada no Oriente Médio
Os países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) e da União Europeia pediram, nesta quarta-feira (16), durante uma cúpula em Bruxelas, que se detenha a escalada e se evite uma conflagração regional no Oriente Médio.
A lista de participantes incluiu o príncipe-herdeiro saudita Mohamed bin Salman, líder de fato da potência petroleira, cuja presença foi confirmada de última hora.
"Preocupa-nos o aumento das tensões na região [do Oriente Médio] e instamos todas as partes a exercer a moderação, evitar uma escalada maior e participar dos esforços diplomáticos internacionais para pôr fim ao atual ciclo destrutivo de violência", diz o Comunicado Conjunto divulgado ao final da cúpula.
"À luz da grave escalada e da guerra em curso no Oriente Médio e na Europa, confirmamos nosso compromisso estratégico para trabalhar pela melhora da segurança e pela desescalada em benefício de ambas as regiões", acrescenta o texto.
"Nossa prioridade compartilhada é um cessar-fogo imediato e sustentado, a libertação de reféns e o pleno acesso de civis em Gaza à ajuda humanitária, e o mesmo no Líbano", disse ao final da reunião o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.
"Embora não tenhamos as mesmas posições em todos os temas, em muitas estamos de acordo", acrescentou.
"Necessitamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance e mobilizar todas as nossas habilidades diplomáticas para deter a escalada extremamente perigosa", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Uma fonte da UE assinalou que na reunião todas as partes destacaram a necessidade de um cessar-fogo, tanto em Gaza quanto no Líbano, e de respeitar o direito internacional e o direito internacional humanitário.
Já o emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani, disse que "a guerra que Israel tem travado até hoje contra a Palestina e o Líbano, que transformou os crimes de guerra em algo normal, é algo que não podemos aceitar".
"Precisamos de uma solução para esses conflitos. Precisamos encontrar uma solução para a causa palestina", acrescentou.
Os líderes dos seis Estados do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG: Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã e Catar) e dos 27 da UE também discutiram temas sobre o comércio, a energia, os direitos humanos e as mudanças climáticas.
No entanto, a delicada conjuntura em toda a região e o perigo de uma generalização do conflito transformaram o Oriente Médio no assunto predominante da agenda.
Por sua vez, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, ressaltou que as diversas crises geopolíticas "causaram imenso sofrimento humano" e pediu "agir com determinação para mudar o curso da história".
- Tema do comércio estagnado -
A UE, segundo maior parceiro comercial do CCG, busca fortalecer ainda mais os vínculos econômicos entre os dois blocos.
No entanto, os diálogos sobre um acordo de livre comércio, iniciadas na década de 1990, permanecem estagnados.
"Concordamos em seguir adiante com as negociações sobre um acordo de livre comércio e devemos buscar todas as opções para reforçar nossa cooperação econômica e relações comerciais com todos os sócios", disse Borrell.
Os dois blocos exibem claras diferenças, particularmente a respeito da guerra na Ucrânia, pois os países do Golfo não apoiaram a política de sanções contra a Rússia por ter invadido a ex-república soviética em 2022.
"Estamos muito mais de acordo sobre o Oriente Médio", disse outro dirigente europeu na terça-feira. "Tanto a UE quanto o CCG queremos estabilidade na região e a desescalada" das tensões, acrescentou.
Os diálogos ocorrem em plena campanha militar israelense contra o movimento islamista libanês Hezbollah no Líbano, onde mais de 1.300 pessoas morreram e um milhão foram deslocadas desde o fim de setembro, segundo funcionários libaneses.
Os países da UE têm pedido reiteradamente um cessar-fogo em Líbano e Gaza.
O influente bin Salman, de 39 anos, descartou no mês passado a normalização das relações com Israel sem o reconhecimento prévio de um Estado palestino.
Bahrein e os Emirados Árabes Unidos estabeleceram laços formais com Israel em 2020.
T.Álvarez--ESF