Desmatamento na Colômbia aumenta com 'fracasso' das negociações com dissidências das Farc, diz ONG
O "fracasso" das negociações de paz entre o governo da Colômbia e dissidentes da extinta guerrilha das Farc fez dispararem "novamente as taxas de desmatamento" na Amazônia, destaca a ONG International Crisis Group (ICG) em um relatório.
Segundo a ONG, "as taxas de desmatamento parecem ter aumentado drasticamente no primeiro semestre de 2024" na Colômbia, que vai sediar a reunião de cúpula sobre biodiversidade COP16 de 21 de outubro a 1º de novembro.
O aumento também coincide com "as lutas internas" do Estado-Maior Central (EMC), dissidência das Farc que se dividiu em abril, em meio às negociações de paz com o governo. O grupo liderado por Iván Mordisco afastou-se dos diálogos e aumentou sua pressão sobre o Estado com uma onda de violência.
O EMC tem "o poder de frear ou acelerar o desmatamento quando quiser" nas áreas sob sua influência, segundo o ICG.
"O desmatamento gera renda para o EMC" por meio da pecuária, narcocultura e mineração ilegal, principalmente nos departamentos amazônicos de Guaviare (sudeste), Caquetá (sul) e Meta (leste).
Os rebeldes também praticam extorsão contra camponeses e empresários nessas regiões e impedem o acesso de funcionários da área ambiental.
- Às portas da COP16 -
Um dos países do mundo com maior biodiversidade, a Colômbia perdeu 79.256 hectares de floresta em 2023. Ao longo da prolongada guerra interna, as guerrilhas passaram a controlar a mata exuberante, que usam como esconderijo e arma de pressão contra o governo.
"As negociações de paz seguem sendo prioritárias tanto para mitigar o conflito como para proteger o meio ambiente", disse Elizabeth Dickinson, analista sênior do Crisis Group.
"O governo precisa de uma estratégia de segurança que se concentre nos desmatadores em grande escala", acrescentou.
A força pública e os dissidentes de Mordisco travam combates intensos, após o fracasso das negociações de paz. Sua facção declarou uma trégua durante a reunião de cúpula, mas, diante da pressão militar, voltou a ameaçar a sua realização.
A Colômbia vive um conflito interno que já fez mais de 9 milhões de vítimas em seis décadas.
A.Amaya--ESF