Déficit orçamentário dos EUA subiu para 6,4% do PIB em 2024
O déficit orçamentário dos Estados Unidos subiu para 6,4% do PIB em 2024, frente a 6,2% em 2023, apesar das receitas fiscais adicionais, que não compensaram o aumento dos custos do serviço da dívida durante um período de taxas de juros elevadas.
O anúncio foi feito pelo Departamento do Tesouro nesta sexta-feira (18), a menos de três semanas das eleições de 5 de novembro entre a candidata democrata e vice-presidente Joe Biden, Kamala Harris, e o ex-presidente republicano Donald Trump.
Com um total de 1,833 trilhão de dólares ao final do exercício fiscal de 2024, encerrado em 30 de setembro (cerca de R$ 10 trilhões, na cotação da época) - ou seja, 8% a mais que no ano anterior, o déficit é o terceiro maior na história dos Estados Unidos, depois dos de 2020 e 2021, devido à crise da pandemia de covid-19.
O déficit havia sido reduzido substancialmente em 2022, mas voltou a crescer em 2023 e novamente em 2024, devido aos altos pagamentos de juros da enorme dívida americana.
"A administração Biden-Harris continua focada no crescimento de longo prazo da economia, com investimentos históricos em infraestrutura, manufatura e energias limpas, levando em conta ao mesmo tempo nossas perspectivas fiscais de longo prazo", comentou a secretária do Tesouro, Janet Yellen, citada no comunicado.
A situação orçamentária do país é uma das principais preocupações dos eleitores americanos, que terão que escolher entre Harris e Trump. Os dois candidatos se acusam mutuamente de promover políticas que aumentam o déficit.
Um funcionário da Casa Branca deplorou o fato de os republicanos terem aprovado, no Congresso, "reduções de impostos que diminuíram as receitas, aumentando a dívida" e que "continuem pedindo cortes massivos de impostos".
- Taxas de juros -
De outubro de 2023 a setembro de 2024, as receitas aumentaram 11%, chegando a 4,919 trilhões de dólares (R$ 26,8 trilhões na cotação da época).
Os impostos pagos pelas famílias americanas foram mais altos do que no ano anterior, uma vez que sua situação financeira melhorou devido ao aumento do nível de emprego e dos salários, declarou funcionário do Tesouro americano.
Os gastos aumentaram 10%, alcançando 6,752 trilhões de dólares (R$ 36,8 trilhões na cotação da época), principalmente devido a um aumento de quase um terço no serviço da dívida, em um momento em que as taxas de juros estavam em seu nível mais alto desde o início da década de 2000.
No entanto, o banco central americano (Fed) começou a reduzi-las em setembro, e é provável que continue a fazê-lo nos próximos meses, incentivado pela desaceleração da inflação.
Em junho, o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) previu um déficit de 1,9 trilhão de dólares (R$ 10,8 trilhões na cotação atual) para 2024.
Este organismo independente, responsável por fornecer ao Congresso americano análises orçamentárias e econômicas, também havia previsto que o déficit aumentará mais do que o esperado nos próximos dez anos, impulsionado pelo custo dos juros da dívida e pela ajuda à Ucrânia.
O CBO também estimou que a imigração impulsionará o PIB em 8,9 trilhões de dólares (R$ 50,4 trilhões na cotação atual) durante este mesmo período.
E.Abril--ESF