Hamas acusa Israel de bombardear hospital no norte da Faixa de Gaza
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, sob controle do Hamas, acusou nesta segunda-feira (4) o Exército israelense de "bombardear e destruir" o único hospital ainda em funcionamento no norte do território palestino, onde relatou numerosos feridos.
O Exército israelense afirmou estar verificando essas informações e declarou que age "contra a infraestrutura e os agentes terroristas no norte e no centro" de Gaza.
As tropas israelenses lançaram uma nova ofensiva nesse setor no dia 6 de outubro, para evitar que o movimento islamista palestino Hamas reconstituísse suas forças no local.
"Neste momento, as forças de ocupação continuam bombardeando e destruindo violentamente o hospital Kamal Adwan", declarou o Ministério da Saúde de Gaza, em referência ao estabelecimento localizado em Beit Lahia, no norte.
O diretor do hospital, Hosam Abu Safieh, disse que a situação era "catastrófica" e que o exército não se comunicou com o centro de saúde "antes de atacá-lo diretamente".
"Há vários membros da nossa equipe que ficaram feridos e não podemos abandonar o hospital", alertou, após mais de um ano de guerra entre Israel e o Hamas, que provocou uma grave crise humanitária no território.
Além do conflito em Gaza, Israel também está em ofensiva no Líbano contra o movimento Hezbollah, aliado do Hamas em Gaza.
A formação político-militar, próxima ao Irã, abriu há mais de um ano uma frente com Israel, que desde setembro se converteu em uma guerra aberta.
O Exército israelense afirmou que atacou nesta segunda-feira o quartel de inteligência do movimento libanês na Síria, em um bombardeio na capital, Damasco.
Israel também notificou nesta segunda-feira as Nações Unidas de que cancelará sua cooperação com a agência para refugiados palestinos (UNRWA), considerada o pilar da assistência nos territórios palestinos ocupados.
- Temor de "colapso" da ajuda aos palestinos -
As atividades da agência já haviam sido proibidas em Israel e nos territórios palestinos ocupados após uma decisão do Parlamento israelense na semana passada, apesar das objeções internacionais.
O acordo entre as duas partes foi assinado em 1967, quando começou a ocupação israelense dos territórios palestinos da Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental.
Israel acusou novamente "funcionários da organização de terem participado do massacre de 7 de outubro", segundo comunicado do ministério.
"A ONU recebeu inúmeras provas sobre agentes do Hamas empregados pela UNRWA e o uso de suas instalações para fins terroristas", acrescentou.
O movimento islamista palestino lançou um ataque sem precedentes no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, desencadeando a atual guerra em Gaza.
Milicianos do Hamas mataram naquele dia 1.206 pessoas e capturaram 251, das quais 97 ainda permanecem retidas em Gaza, incluindo 34 que, segundo o exército, estão mortas.
Em resposta, Israel prometeu destruir o Hamas e lançou uma ofensiva que já deixou mais de 43.300 mortos em Gaza, segundo dados considerados confiáveis pela ONU.
Jonathan Fowler, porta-voz da agência da ONU, alertou que "se essa lei for implementada", há risco de provocar "o colapso da operação humanitária internacional em Gaza, da qual a UNRWA é a espinha dorsal".
Israel indicou que a proibição do organismo de operar em território israelense começará após "um período de três meses".
O Conselho de Segurança da ONU havia pedido a Israel que cumpra suas "obrigações internacionais". A Assembleia Geral da ONU realizará uma sessão nesta quarta-feira dedicada à UNRWA.
- "Matar todo o povo palestino" -
"Atualmente, o povo palestino depende quase integralmente da ajuda exterior, principalmente da UNRWA, e cortá-la equivale a matar todo o povo palestino", reagiu Abdel Karim Kallab de Khan Yunis, no sul de Gaza.
O Hamas, por sua vez, considera que a decisão de Israel "é uma tentativa de negar aos refugiados o direito de voltar a seus lares".
O Exército israelense bombardeou novamente nesta segunda-feira o sul do Líbano, onde iniciou uma ofensiva terrestre em 30 de setembro. O objetivo de Israel é permitir a volta de cerca de 60 mil habitantes do norte do território, deslocados pelos lançamentos de foguetes do Hezbollah.
Pelo menos 1.940 pessoas morreram desde 23 de setembro no Líbano, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.
Os esforços diplomáticos para por um fim aos conflitos na região fracassaram.
O Hamas afirmou nesta segunda-feira que se reuniu no Cairo com o movimento rival palestino Fatah para conversar sobre os esforços para alcançar um consenso nacional.
A.García--ESF