Israel em alerta sobre ameaças iranianas
Israel está em alerta nesta quinta-feira (11), depois que Irã ameaçou adotar represálias pelo bombardeio da semana passada ao seu consulado na Síria, atribuído ao Exército israelense, enquanto as negociações para obter uma nova trégua em Gaza se arrastam.
Nos últimos dias, Israel reforçou a sua defesa antiaérea e suspendeu as autorizações de descanso para unidades de combate destacadas desde o início da guerra em Gaza contra o movimento islamista palestino Hamas.
Os Estados Unidos também alertaram para o risco de um ataque do Irã ou de grupos relacionados no Oriente Médio (Iraque, Síria, Líbano, Iêmen), em resposta ao bombardeio ao consulado de Teerã em Damasco, no qual morreram sete pessoas em 1º de abril, todas membros da Guarda Revolucionária, dois deles generais.
O Irã "está ameaçando lançar um grande ataque contra Israel", disse o presidente dos EUA, Joe Biden, na quarta-feira, prometendo apoio "forte" ao seu aliado regional, para além do descontentamento demonstrado com o governo de Benjamin Netanyahu pela forma como lidou com a guerra de Gaza.
Na quarta-feira, o guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, voltou a ameaçar publicamente Israel, que não confirmou a sua responsabilidade pelo ataque ao consulado iraniano.
O principal líder da república islâmica disse que Israel "deve ser punido e será punido", dias depois de um dos seus assessores ter dito que as embaixadas israelenses "não estão mais seguras".
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, respondeu rapidamente dizendo que "se o Irã atacar a partir do seu território, Israel responderá e atacará o Irã".
O portal Axios indicou que o chefe do Comando Central dos Estados Unidos (Centcom), Michael Kurilla, visitará Israel para discutir a situação com o ministro da Defesa, Yoav Gallant.
Nas últimas horas, a companhia aérea alemã Lufthansa anunciou a suspensão das conexões com Teerã, devido "à situação atual no Oriente Médio".
A Rússia pediu aos seus cidadãos que evitem viajar para Israel, Líbano e Territórios Palestinos, e apelou aos lados israelense e iraniano pela "moderação" para evitar mais "desestabilização".
- "Nossas exigências são claras" -
As tensões regionais foram alimentadas pela guerra em Gaza que eclodiu em 7 de outubro, após o ataque do Hamas ao sul de Israel, que deixou 1.170 mortos, a maioria civis, segundo um registro da AFP baseado em dados israelenses.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva que já deixou 33.545 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde deste território governado pelo Hamas.
O movimento islamista fez 250 reféns durante o ataque, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita terem morrido, segundo as autoridades israelenses.
O Irã afirma que não tinha conhecimento do ataque antes de 7 de outubro, mas saudou o ataque ao seu arqui-inimigo.
Gaza está reduzida a ruínas e teme-se que haja mais corpos sob os escombros. Além disso, este território palestino está sob cerco de Israel, que privou os seus quase 2,4 milhões de habitantes de alimentos, água, combustível, medicamentos e outros bens básicos, que dependem do fluxo de caminhões com ajuda, que chegam a conta-gotas.
Benny Gantz, membro do gabinete de guerra de Israel, afirmou que "o Hamas foi derrotado" militarmente, mas prometeu continuar a luta contra os remanescentes do grupo nos próximos anos.
Um bombardeio israelense em Gaza matou na quarta-feira três filhos e quatro netos do chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, que vive no Catar.
Haniyeh sublinhou que a morte dos seus filhos não influenciará a posição do grupo nas negociações em curso no Cairo para uma trégua e a libertação dos reféns.
"Nossas exigências são claras e não mudarão", disse ele.
O atual ciclo de negociações começou no domingo, mas não há sinais de progresso, depois de Catar, Egito e Estados Unidos, mediadores da negociação, terem apresentado uma proposta que o Hamas disse estar analisando.
O plano inclui uma trégua de seis semanas, a troca de quase 40 reféns raptados pelo Hamas por centenas de palestinos presos em Israel e a entrada de mais ajuda humanitária em Gaza.
O presidente dos Estados Unidos afirmou que cabe agora ao Hamas avançar com a proposta apresentada e aumentou a pressão sobre Netanyahu para aceitar uma trégua e suspender o seu plano de invasão de Rafah, cidade no sul de Gaza onde vivem cerca de 1,5 milhão de civis.
Biden classificou a forma como Netanyahu lidou com a guerra como um "erro" em uma entrevista exibida esta semana.
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A.Fernández--ESF