Cheia em rio na Cidade da Guatemala deixa três mortos e 15 desaparecidos
Pelo menos três pessoas morreram e 15 ficaram desaparecidas, após a cheia de um rio causada pela chuva forte, que também destruiu seis casas no centro da capital da Guatemala, informou a Defesa Civil nesta segunda-feira (25).
O "transbordamento do rio arrastou casas do assentamento Dios Es Fiel, localizado abaixo da ponte El Naranjo", por onde passa o rio de mesmo nome, disse à imprensa Rodolfo García, porta-voz da Coordenação de Redução de Desastres (Conred).
A Conred, entidade à qual pertence a Defesa Civil, informou que as brigadas de resgate, apoiadas por cães farejadores, localizaram três mortos, entre eles uma menina entre 3 e 5 anos.
Antes desta tragédia, a atual temporada de chuvas no país, que começa em maio e termina em novembro, havia deixado 29 mortos, 2,1 milhões de afetados, 10.303 evacuados, quatro rodovias e nove pontes destruídas, entre outros danos.
Grande parte das casas da capital despeja os resíduos no rio que transbordou. Devido às condições de pobreza, milhares de pessoas mais humildes construíram suas moradias em suas margens, apesar de a prática ser proibida pelas autoridades.
O incidente ocorreu na madrugada desta segunda-feira, após as fortes chuvas de domingo. A enxurrada, que arrastou pedras, terra e lixo, causou danos a seis casas na localidade, em sua maioria construídas com chapas de zinco.
O local foi devastado pela força da correnteza e agora só é possível ver enormes pedras e destroços na área, segundo um jornalista da AFP.
- Tudo desapareceu -
Esaú González, de 42 anos, morador da área afetada, tentava assimilar a tragédia que viveu com seus vizinhos e não deixa de se espantar de como eles perderam tudo na correnteza.
"Foi como um tornado, o rio vinha com força, passou levando várias casas. Infelizmente, tudo neste local desapareceu porque levou casinhas, pertences de moradores, moradores desapareceram", relatou à AFP esse guatemalteco que diz fazer vários serviços para sobreviver.
González contou que os moradores estão abalados "psicologicamente", mas a necessidade os leva a viver nessas condições devido à falta de uma "política de habitação digna".
"Aqui estamos como em uma família (...) Nos abala porque infelizmente na Guatemala não há uma política habitacional e isso nos força a permanecer aqui, mas estamos em família", insistiu.
González lamentou que a pobreza tenha levado centenas de famílias a viver nas encostas dos morros. "Os custos são muito altos, os salários não dão para cobrir os gastos com aluguel", queixou-se.
"O rio levou famílias inteiras. Infelizmente, já sabíamos do risco, (mas) por necessidade estamos aqui", concordou outro morador do assentamento afetado, Marvin Cabrera, um motoboy de 36 anos que faz entregas de comida.
Cabrera comentou que o primeiro que estão fazendo "é localizar os corpos de todos os moradores desaparecidos para dar a eles uma sepultura cristã".
Esse vizinho mostrou-se pessimista em relação ao futuro: "É muito difícil que nos deem uma reacomodação".
Milhares de cidadãos da Guatemala, onde 59% dos 17,7 milhões de habitantes vivem na pobreza, foram obrigados a construir suas casas nas encostas dos morros, nas margens dos rios e em áreas inundáveis.
Dados da Câmara Guatemalteca da Construção (CGC) e da Associação Nacional de Construtores de Casas (Anacovi) mostram que o déficit habitacional no país é de dois milhões de moradias.
B.Vidal--ESF