Furacão Helene e seus mais de 100 mortos viram tema da campanha eleitoral nos EUA
O furacão Helene, que deixou cerca de 110 mortos e causou grande destruição no sudeste dos Estados Unidos, se tornou um tema importante na campanha eleitoral nesta segunda-feira (30), obrigando os democratas a repudiarem as acusações sobre a gestão da catástrofe.
Diante das duras críticas do candidato republicano Donald Trump, o governo de Joe Biden aprovou ajuda federal para vários estados após o desastre e prometeu, nesta segunda, que a assistência durará "todo o tempo que for necessário".
"Continuaremos enviando recursos, incluindo alimentos, água, comunicações e equipamentos de salvamento", disse o presidente, que planeja viajar para as áreas mais afetadas nesta semana.
Helene atingiu a costa na tarde da última quinta-feira, perto de Tallahassee, capital da Flórida, como furacão de categoria 4 - em uma escala de 5 - com ventos de 225 km/h. Posteriormente, foi degradado a ciclone pós-tropical, mas deixou um cenário desolador na Flórida, Geórgia, Carolina do Sul e do Norte, Tennessee e Virgínia.
Os socorristas continuavam buscando sobreviventes e levando alimentos aos moradores afetados pelas inundações, cortes de energia e estradas bloqueadas. Quase dois milhões de lares e estabelecimentos permaneciam sem eletricidade nesta segunda-feira, segundo o site poweroutage.us.
A vice-presidente e candidata democrata Kamala Harris, que cancelou eventos de campanha para se informar sobre a resposta federal, também visitará as áreas afetadas após a primeira onda de operações de emergência.
Biden indicou que também não faria uma visita imediata, argumentando que "seria perturbador". "Não faremos isso se estivermos considerando ou adiando qualquer um dos recursos de resposta necessários para enfrentar esta crise", acrescentou.
Por outro lado, o candidato republicano Donald Trump chegou nesta segunda-feira a Valdosta, na Geórgia, local mais castigado pela destruição causada pelas inundações, e prometeu "levar muito material de ajuda, incluindo combustível, equipamentos, água e outras coisas" aos necessitados.
Sem apresentar provas, afirmou que estava sendo negada ajuda a seus apoiadores do Partido Republicano. "O governo federal não está respondendo", disse a jornalistas. "A vice-presidente está em algum lugar, fazendo campanha, buscando dinheiro".
A Casa Branca refutou as críticas de Trump de que Biden e Kamala não responderam ao desastre com rapidez suficiente.
A vice-presidente estava em viagem de campanha na Califórnia durante o fim de semana, enquanto Biden estava em sua casa de praia em Delaware.
Trump acusou Biden de "estar dormindo" em vez de lidar com os danos da tempestade.
"Eu estava no comando, estive ao telefone por pelo menos duas horas ontem, e anteontem também", disse o presidente nesta segunda-feira, quando questionado sobre as críticas.
- Afogados em suas casas -
Pelo menos 108 pessoas morreram: 39 na Carolina do Norte, 25 na Carolina do Sul, 25 na Geórgia, 14 na Flórida, quatro no Tennessee e uma na Virgínia, segundo os relatos das autoridades locais coletados pela AFP. Espera-se que o número total aumente ainda mais.
A chefe do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, Liz Sherwood-Randall, disse à imprensa, nesta segunda, que o número de mortos na passagem do furacão Helene pode chegar a 600.
Mais cedo, o presidente Biden já tinha dito que, com o serviço de telefonia celular interrompido em grande parte da região, o número de desaparecidos poderia chegar a 600 pessoas, manifestando a esperança de que tenham sobrevivido à catástrofe.
"Se Deus quiser, estão vivas, mas não há como contatá-las", observou.
O gabinete do xerife do condado de Pinellas, na Flórida, publicou uma lista das mortes registradas até agora, quase todas ocorridas em suas próprias casas. A maioria dos mortos parecia ter se afogado, disse, e outros estavam soterrados sob os escombros.
O governador da Geórgia, Brian Kemp, descreveu a tempestade como um "tornado de 400 quilômetros de extensão".
Seu homólogo da Carolina do Norte, Roy Cooper, disse nesta segunda-feira que centenas de estradas haviam sido destruídas e muitas comunidades foram "apagadas do mapa".
Depois de se formar no Golfo do México, Helene se deslocou sobre águas particularmente quentes. "É provável que essas águas muito quentes tenham desempenhado um papel na rápida intensificação de Helene", disse à AFP a climatologista Andra Garner.
Os cientistas argumentam que as alterações climáticas provavelmente desempenham um papel na rápida intensificação dos furacões, pois estes se alimentam da maior energia que há nos oceanos mais quentes.
S.Lopez--ESF